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Alterações climáticas são a maior ameaça à Humanidade

SUSTENTABILIDADE. OMS cita números do FMI segundo os quais a indústria dos combustíveis recebe 5,9 biliões de dólares de financiamento anualmente, o equivalente a 11 dólares por minuto e metade dessa quantia é o que custam ao mundo os problemas de saúde por eles provocados todos os anos.

Alterações climáticas são a maior ameaça à Humanidade
D.R.

As alterações climáticas constituem “a maior ameaça à saúde da Humanidade”, afirmou, esta segunda-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS), que apela aos governos para saírem da pandemia de uma forma “saudável e verde”.

A OMS elenca, para isso, num relatório, dez prioridades, desde logo pedindo aos países signatários do Acordo de Paris que coloquem “a saúde e a justiça social no centro das conversações” da 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), que se realiza no princípio do próximo mês em Glasgow, na Escócia.

A directora do departamento da OMS para o Ambiente, Alterações Climáticas e Saúde, Maria Neira, salientou, em conferência de imprensa, que reduzir a poluição atmosférica para os níveis recomendados pela organização evitaria “80 por cento” das cerca de sete milhões de mortes provocadas todos os anos pelos efeitos da poluição atmosférica.

“A saúde será a motivação para acelerar e para fazer mais para combater as alterações climáticas, que afectam os pilares da saúde: alimentação, água e qualidade do ar”, afirmou.

“Talvez esta seja a altura de uma COP da Saúde. É isso que queremos. Qualquer que seja o investimento financeiro necessário, compensará pelos benefícios que trará. Não há desculpas”, referiu.

A OMS citou números do Fundo Monetário Internacional segundo os quais a indústria dos combustíveis recebe 5,9 biliões de dólares de financiamento anualmente, o equivalente a 11 dólares por minuto e metade dessa quantia é o que custam ao mundo os problemas de saúde por eles provocados todos os anos.

Proteger a saúde humana das consequências das alterações climáticas, sustenta a OMS, exige transformações em sectores como o energético, alimentar e financeiro.

O director-geral da organização, Tedros Ghebreyesus, argumentou que “as mesmas escolhas insustentáveis que estão a matar o planeta também estão a matar pessoas”.

Os apelos da OMS são subscritos por 300 organizações que representam pelo menos 45 milhões de médicos e outros profissionais de saúde, que constituem mais de dois terços de todos os trabalhadores do sector a nível mundial.

“Onde quer que estejamos, nos nossos hospitais, clínicas e comunidades no mundo inteiro, já estamos a ter de responder aos malefícios para a saúde causados pelas alterações climáticas”, refere a carta aberta dos profissionais de saúde também divulgada esta segunda-feira.

“A combustão de combustíveis fósseis está a matar-nos”, lê-se no relatório da OMS em antecipação da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, em que se refere que o impacto da poluição atmosférica, que se estima provocar “13 mortes por minuto” em todo o mundo, é sentido “de forma desproporcional pelos mais vulneráveis”.

Globalmente, a OMS estima que “mais de 90% dos seres humanos respirem níveis nocivos para a saúde de poluição atmosférica”.

Outra mudança, no sector alimentar, no sentido de regimes alimentares mais “nutritivos e à base de vegetais” poderia reduzir as emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera e “evitar até 5,1 milhões de mortes relacionadas com a alimentação até 2050”.

A organização defende que os próprios sistemas de saúde e as instalações em que funcionam precisam de ser também sustentáveis.

Nas cidades, recomenda que se criem mais condições para “andar, andar de bicicleta e usar transportes públicos”.

Outros eixos dos apelos da OMS são a conservação e a reparação dos ambientes naturais e dos ecossistemas e a orientação dos investimentos na recuperação pós-pandemia para actividades que não sejam prejudiciais ao ambiente.

“Esta COP tem que ser especial na sua ambição, nas soluções, nas acções e intervenções propostas, e na rapidez com que são aplicadas”, reforçou Maria Neira.