Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana marcada entre nós pelas discussões em torno das condecorações que a Assembleia Nacional vai atribuir por conta da comemoração dos 50 anos da Independência - uma discussão com o patrocínio e promoção evidente do partido no poder... “discutam este assunto, falem deste em vez de da corrupção, que era bandeira de combate, mas que enferma cada vez mais o sistema de modo que os escândalos, uns atrás uns dos outros são imparáveis...” Falem das condecorações e de que Holden Roberto merece mais do que Eduardo dos Santos, em vez de falarem sobre o valor absurdo dos relógios do representante máximo de um povo que, ao contrário da representatividade, definha na miséria e passa fome. Falem das condecorações e de quem as merece mais ou merece menos, em vez de falarem nos roubos na instituição cobradora de impostos que devia ser da mais absoluta seriedade

Falem das condecorações de que Savimbi parece precisar tanto em vez de falarem sobre o estado em que o coordenador da economia tem a dita coordenação. Ele que também é acusado de corrupção e de embolsar uns milhões à boleia da construção de uma sala museu que custou mais de 60 milhões de dólares em vez dos 10 que estavam inicialmente orçamentados, e, falem das condecorações em vez de falar sobre a serventia desses projectos para o país, ou em vez de falarem da quantidade de contratos sobrefacturados que oneram o Estado com o propósito de encher a barriga dos representantes do povo cujo objectivo é muitas vezes o de se adornar com relógios de 200 mil dólares que - diga-se de passagem - mais bonitos não os fazem. Falem das condecorações que o maioritário propôs em vez de falarem sobre o mais recente escândalo de corrupção, este no ministério do Ambiente, em que segundo o Novo Jornal, a ministra troca multas milionárias, que deviam reverter a favor do Estado lesado, por benesses pessoais. Falem das condecorações e das comemorações dos 50 anos mas não falem de como esta gestão danosa é comum entre os gestores públicos e de como o jornal que expôs o caso - de resto um de três ou quatro que ainda sobrevivem em papel num pais que devia ter milhões de leitores - não foi impresso porque as máquinas de impressão de uma das empresas que o Estado abocanhou acusando os donos de corrupção, não quiseram trabalhar... Falem das comemorações do centenário, das festas da democracia (esse slogan inventado por génios da distracção de massas), falem das medalhas e medalhinhas que o chefe recebe e que quer também ele atribuir, mas não falem da fome e da miséria que esses 50 anos de independência continuam a ver produzir...

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