Suely de Melo

Suely de Melo

Enquanto uma imponência de cimento e vidro surgia, uma nova infra-estrutura para acomodar o ‘kwanza burro’, mais de duas mil escolas eram encerradas, muitas das quais sem como nem porquê. Afinal o que é mais importante? O sustento da mente das futuras gerações ou os aplausos de um governo que prioriza o glamour e gaba-se de ter a mais moderna infra-estrutura do género em África, para armazenar o dinheiro que não chega ao povo? A resposta está dada. Então não se preocupem, crianças, temos diversos edifícios grandiosos para abrigar a economia de um país que se esqueceu (ou talvez nunca tenha sabido) do que é educar. 

Que o país está ‘nocauteado’, de rastos e sem qualquer perspectiva de reabilitação, para qualquer um que não se venda por um prato de arroz com peixe frito não tem a menor dúvida. Mas, parafraseando a lei de Murphy, “não há nada que esteja tão mal que não possa piorar”. E, pelo visto, esse é o karma de Angola. Parece haver algum plano para se descobrir as mil formas de se acabar com um país e, ao que tudo indica, já colocaram em prática novecentas e buée. A tal corrupção que, há uns anos, fez o líder dos camaradas apelidar os seus companheiros de “marimbondos” hoje está mais do que escancarada, mais do que institucionalizada, com relatos semanais de novos casos. Se se fizesse a actualização diária dos casos de corrupção como se fez com a covid-19 e hoje se faz com a cólera seria, no mínimo, engraçado de se ver.

Bem-vindo ao Dias Andados na semana nacional das toneladas… Se não são toneladas de explosivos, são toneladas de lixo ou ainda toneladas de mangas… Pois é…

Para surpresa de um total de zero pessoas “o país africano mais importante para os EUA” foi olimpicamente coado da tomada de posse do novo inquilino da Casa Branca. Levando em conta que Joe Biden não teria lançado tal pérola baseado numa opinião pessoal, mas porque estrategicamente os ‘yankees’ assim o consideram, terá sido difícil para alguns perceberem o motivo do ‘coamento’. Entretanto, terá igualmente servido de consolo o facto de nenhum outro país africano, importante ou não, ter sido convidado. Tal como já se perspectivava isso é apenas uma pitada de como deverão ser as relações entre as terras do tio Sam e os países africanos. Mas o que de facto deve ter causado alguma urticária foi o facto de Donald Trump ter ameaçado - e efectivado logo de seguida - a revogação de dezenas decretos assinados pelo seu antecessor.

Tal como previmos, na semana passada, já começou o rol de promessas. Depois de prometerem que as crianças das zonas mais recônditas iriam receber tabletes; depois de prometerem que as crianças da 5ª e 6ª classes passariam a aprender Francês e inglês; depois de prometerem que os livros, finalmente, seriam distribuídos a tempo e hora, eis que o leque de promessas foi actualizado. Sim, porque é preciso, de quando em vez, pelo menos, fingir alguma preocupação.