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Suely de Melo

Suely de Melo

Nestes dias que andaram, ficamos a saber que quem coordena a equipa económica do Governo afinal também anda descoordenado. Aliás, andam todos. É um disse me disse, um faz que não, mas faz, que deixa até os mais lúcidos tontos. Isto porque, depois de o Ministério da Administração do Território ter garantido, via portal de contratação pública que estavam reservados 35 milhões dólares para o boda da ‘Dipanda’, sendo que parcos 20 milhões seriam reservados à compra de bandeiras, que nos iriam encher de orgulho e apagar a memória da fome e dos amontoados de pés descalços que ‘diambulam’ pelas cidades. Com tudo pronto e fechado, com a assinatura do chefe do MAT, e para não se ficar por aí, o chefe da equipa económica deu uma aula magna de literacia financeira e aconselhou-nos a não olhar para o “djin djin”, que certamente na sua opinião são apenas uns trocados, e sim para o número de empregos que a aquisição das bandeiras iria proporcionar aos jovens ávidos pelo primeiro emprego. Eis que, no anda e recua, o MAT veio com um comunicado a desmentir a assinatura do próprio ministro.

Não é porque por duas semanas, por questões alheias à nossa vontade, não houve Dias Andados, que os dias não andaram. Bem, na verdade, não andaram, correram. Muita água rolou debaixo desta ponte, quase a desabar, chamada Angola. Manuel Pereira da Silva foi ao "bis", porque afinal, em equipa que ganha não se mexe. "Manico" foi o escolhido para voltar a levar o MPLA rumo à vitória. Doa a quem doer. Norberto Garcia sonhou, no ‘talo’ sonho, que deve ser o de muitos angolanos, o MPLA foi para oposição.

Enquanto uma imponência de cimento e vidro surgia, uma nova infra-estrutura para acomodar o ‘kwanza burro’, mais de duas mil escolas eram encerradas, muitas das quais sem como nem porquê. Afinal o que é mais importante? O sustento da mente das futuras gerações ou os aplausos de um governo que prioriza o glamour e gaba-se de ter a mais moderna infra-estrutura do género em África, para armazenar o dinheiro que não chega ao povo? A resposta está dada. Então não se preocupem, crianças, temos diversos edifícios grandiosos para abrigar a economia de um país que se esqueceu (ou talvez nunca tenha sabido) do que é educar. 

Que o país está ‘nocauteado’, de rastos e sem qualquer perspectiva de reabilitação, para qualquer um que não se venda por um prato de arroz com peixe frito não tem a menor dúvida. Mas, parafraseando a lei de Murphy, “não há nada que esteja tão mal que não possa piorar”. E, pelo visto, esse é o karma de Angola. Parece haver algum plano para se descobrir as mil formas de se acabar com um país e, ao que tudo indica, já colocaram em prática novecentas e buée. A tal corrupção que, há uns anos, fez o líder dos camaradas apelidar os seus companheiros de “marimbondos” hoje está mais do que escancarada, mais do que institucionalizada, com relatos semanais de novos casos. Se se fizesse a actualização diária dos casos de corrupção como se fez com a covid-19 e hoje se faz com a cólera seria, no mínimo, engraçado de se ver.