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Suely de Melo

Suely de Melo

16 May. 2025

Haja paciência…

Mas que terra de surpresas agradáveis e decisões... interessantes. Agora há makas com os “no que tange” e “no que concerne”… Vejam só, estávamos nós iludidos com a vã esperança de um debatezinho sobre as leis eleitorais, promovido pela Ordem dos Advogados de Angola. Afinal, quem não adora uma boa discussão sobre o que nos espera as próximas idas às urnas? Eis que surge, majestoso e veloz como um raio em dia de sol, o Tribunal da Relação de Luanda.

Que montanha-russa de emoções nos tem proporcionado o maior partido na oposição. Primeiro, a indignação contida, o apelo à serenidade, a promessa de uma luta institucional épica. Uma luta institucional em que quem comanda o barco tem a faca e o queijo na mão, manda e desmanda, e, mediante a política do “a maioria vence”, não precisa do aval de quem quer que seja para o que quer que seja. Foi preciso, após muito esforço cerebral, perceber que essa dita luta institucional não passava de utopia, para se adoptar uma outra estratégia: o “virar de costas”. O grupo parlamentar da Unita optou, não poucas vezes, por levantar cartazes ou até mesmo abandonar as plenárias quando as coisas, surpreendentemente, não corriam como esperavam. Mas o resultado foi, pasmem-se, nulo, nada, zero. O máximo que conseguiram, quiçá, foi aguçar os nervos da maioria, com tamanha algazarra. Que espetáculo de paciência! Quase adormecemos a assistir. Mas, de repente, um despertar!

Nestes dias que andaram, ficamos a saber que quem coordena a equipa económica do Governo afinal também anda descoordenado. Aliás, andam todos. É um disse me disse, um faz que não, mas faz, que deixa até os mais lúcidos tontos. Isto porque, depois de o Ministério da Administração do Território ter garantido, via portal de contratação pública que estavam reservados 35 milhões dólares para o boda da ‘Dipanda’, sendo que parcos 20 milhões seriam reservados à compra de bandeiras, que nos iriam encher de orgulho e apagar a memória da fome e dos amontoados de pés descalços que ‘diambulam’ pelas cidades. Com tudo pronto e fechado, com a assinatura do chefe do MAT, e para não se ficar por aí, o chefe da equipa económica deu uma aula magna de literacia financeira e aconselhou-nos a não olhar para o “djin djin”, que certamente na sua opinião são apenas uns trocados, e sim para o número de empregos que a aquisição das bandeiras iria proporcionar aos jovens ávidos pelo primeiro emprego. Eis que, no anda e recua, o MAT veio com um comunicado a desmentir a assinatura do próprio ministro.

Não é porque por duas semanas, por questões alheias à nossa vontade, não houve Dias Andados, que os dias não andaram. Bem, na verdade, não andaram, correram. Muita água rolou debaixo desta ponte, quase a desabar, chamada Angola. Manuel Pereira da Silva foi ao "bis", porque afinal, em equipa que ganha não se mexe. "Manico" foi o escolhido para voltar a levar o MPLA rumo à vitória. Doa a quem doer. Norberto Garcia sonhou, no ‘talo’ sonho, que deve ser o de muitos angolanos, o MPLA foi para oposição.