O ‘poço negro’ transformou-se na brilhante Singapura
SUCESSO. Vigilância apertada, à moda do ‘big brother’, repressão sobre os corruptos ou para quem viole leis e aposta nas empresas altamente tecnológicas e no turismo fazem o país escalar etapas de sucesso. País já foi dos mais pobres. Bom ambiente de negócios e posição geográfica completam receita.
Imagine-se viver num país que condena pessoas, com anos de prisão, por comerem pastilhas elásticas, que aplica a pena de morte a quem traficar droga, que atira para a prisão a quem criticar o governo, tanto em privado ou em público. Apesar disso – e de outras malfeitorias – o país defende a gestão privada, tem elevados índices de educação, depende inteiramente da importação e integra a lista dos mais ricos e mais bem-sucedidos do mundo, apesar de não ter recursos naturais. Pelo meio, exibe a medalha de ser um dos menos corruptos no índice que avalia a corrução. Eis Singapura: um Estado que mistura capitalismo moderno, com ‘toques’ de socialismo e práticas ditatoriais. Mesmo sendo ‘apenas’ um dos países mais endividados do mundo, é o oitavo mais rico numa lista de 196, o quarto no índice do poder de compra e o segundo no ‘ranking’ de competitividade do Fórum Económico Mundial.
Em apenas 60 anos, Singapura transformou-se: de um paupérrimo país para um dos mais desenvolvidos do mundo. A receita para o salto até tem práticas ditas modernas e atitudes medievais. Hoje, é considerado o Estado mais vigiado do mundo, onde os seus habitantes vivem permanentemente debaixo do controlo de câmaras, em todas as ruas e até em prédios e residências particulares. Os habitantes são instigados – e premiados – a denunciar más práticas de vizinhos, familiares, amigos e colegas, que podem passar por actos de corrupção ou pelo simples deitar o lixo. Por exemplo, uma pastilha elástica mastigada atirada ao chão pode valer até três anos de prisão efectiva. Curiosamente, a mesma pena para quem ousar criticar o governo, seja em público ou em privado. Os crimes violentos são praticamente inexistentes.
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