ELEIÇÕES MARCADAS PARA 18 DE MAIO

Marcelo Rebelo de Sousa considera que queda do governo não deverá prejudicar execução do PRR

20 Mar. 2025 Valor Económico Mundo

CRISE POLÍTICA. Estadista português anunciou a dissolução do parlamento, depois de o governo ter apresentado uma moção de confiança que foi chumbada e convocou eleições legislativas para o dia 18 de Maio.

Marcelo Rebelo de Sousa considera que queda  do governo não deverá prejudicar execução do PRR

O Presidente de português, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que a crise política em Portugal, provocada pela demissão do Governo e pela necessidade de novas eleições legislativas, não deverá prejudicar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“A ideia foi a seguinte, poder actuar como se fosse um Governo de plenos poderes”, disse o estadista português, durante uma visita à Bolsa de Turismo de Lisboa na noite de sábado, lembrando que “já aconteceu em 2024” no período de transição entre a queda do governo de António Costa e a tomada de posse do governo de Luís Montenegro.

Questionado sobre o impacto da crise política na economia portuguesa, Rebelo de Sousa disse que “o turismo não sofre” e que “o investimento fixo também não”. 

O estadista português anunciou a dissolução do parlamento, depois de o governo ter apresentado uma moção de confiança que foi chumbada pela Assembleia da República, e convocou eleições legislativas para o dia 18 de Maio.

Quase uma semana depois do chumbo da moção de confiança, o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, explicou que, durante duas semanas, o seu partido acreditou que o primeiro-ministro daria as explicações devidas.

Em entrevista à RTP, esta terça-feira, 18, o líder PS considerou que o seu partido só decidiu avançar para uma comissão parlamentar de inquérito apenas depois de Luís Montenegro se ter mostrado incapaz de “dissipar dúvidas” quanto ao caso da sua empresa familiar. 

No entanto, depois das duas moções de censura, considerou que apenas uma comissão parlamentar de inquérito iria dar os instrumentos que permitiriam obter essas informações e dissipar dúvidas. “A partir de determinado momento, precisávamos mais do que a mera resposta a perguntas orais ou escritas, precisávamos de prova documental, precisávamos de poder inquirir testemunhas”, sustentou o líder socialista, apontando que essa percepção aconteceu não apenas no que respeitou à questões deixadas pelo PS, mas também pelos outros partidos.

Sobre o sentido de voto na moção de confiança, Pedro Nuno Santos afirmou que era impossível para os socialistas viabilizarem, fosse através do voto a favor, fosse através da abstenção.

“Se fosse em Janeiro e fosse apresentada uma moção de confiança por parte do Governo, nós também a chumbaríamos”, declarou, explicando que esse voto significaria “um grau de compromisso com a governação que o PS nunca poderia ter”, porque “o PS é um partido de oposição”.

Quanto à questão da necessidade de estabilidade política no país, Pedro Nuno Santos explicou que essa questão não deve ser colocada aos socialistas, já que o PS “foi o partido que contribuiu de forma activa para a estabilidade política no último ano”.

No domingo, o presidente do Chega, André Ventura, pediu aos portugueses “uma oportunidade” para governar e prometeu, se ganhar as próximas legislativas, apresentar, no primeiro dia de mandato, “o maior pacote anticorrupção da história” do país. “Desconfiam do André Ventura, têm dúvidas, será que vai ser exigente demais, autoritário, mexer no país demasiado nas suas fundações. O que têm a perder? Pedimos uma oportunidade e depois nos julgarão como julgaram os outros durante 50 anos”, afirmou.

André Ventura, que discursava na abertura do 19.º Conselho Nacional do Chega, realizado num hotel de Beja, realçou que o partido quer uma oportunidade para “fazer uma limpeza” no país, lamentando que nunca a pôde fazer.

“Mas ainda não nos deram a oportunidade de tomar as decisões de transformação do país, na economia, na saúde, no combate à corrupção, na justiça e garantir que não vamos ter a bandalheira que temos tido no controle à imigração”, sublinhou.

Portugal mergulhou numa crise política no início de Março, com a queda do governo, liderado por Luís Montenegro.

A decisão do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa de dissolver o Parlamento ocorre em meio a acusações de conflito de interesses envolvendo negócios familiares de Montenegro, que culminaram com cenário de crise política.