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Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende numa semana em que o jornalismo esteve e está sob ataque aqui e em outras partes do mundo. Soa sempre algo umbiguista quando um jornalista fala de ataques ao jornalismo porque para a audiência há sempre problemas maiores, problemas com escala comunitária ou nacional, problemas mais graves que afectam continentes inteiros... No entanto, quando o mensageiro é atacado, não é apenas a mensagem que se perde, são frequentemente os olhos e os ouvidos das nações dos seus povos, governos e do mundo que se fecham e se fecham frequentemente para a realidade dos mais vulneráveis. É pelo perigo de nos tornarmos cegos, surdos e, por consequência, mudos, que a liberdade de imprensa, o acesso à informação e a liberdade de expressão são direitos humanos inalienáveis.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que a actualidade entre nós esteve tão densa que nem animava olhar para a actualidade do resto do mundo. Depois da semana anterior termos assistido ao caos em Luanda e outras capitais de província pelo país fora, de termos assistido ao assassinato de cidadãos desarmados pelas forças da ordem, de termos visto o presidente ler um comunicado que, para evitar os seus desaires do costume terá sido mais provavelmente escrito por outrem presumivelmente até à parte em que ‘os autores saíram derrotados’ - essa passagem já soa mais característica do chefe. 

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que a nossa actualidade andou marcada por protestos violentos e que se tornaram sangrentos e em que, ao contrário de muitas vozes que cobravam uma intervenção pública do chefe de Estado e do estado de coisas, pessoalmente, e a avaliar pela qualidade das intervenções públicas que o chefe faz frequentemente, eu não tinha qualquer pressa em ouvir o que teria para dizer.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que a actualidade foi marcada por recuos e avanços do populismo político a nível global.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que o chefe foi aos BRICS em vez de à Casa Branca acompanhar os outros cinco presidentes africanos que foram assinar o acordo de paz entre a RDC e o Ruanda. Um acordo que levanta perguntas várias, a começar com “quanto tempo irá durar?” E “será que o Ruanda vai cumprir este acordo e retirar tropas de uma zona mina que é um evidente alicerce financeiro para a economia e para o regime ruandês?” É claro que o nosso 'voador' não escolheu ficar de fora apesar de ter ficado amuado com a forma como Kagame ridicularizou os seus esforços pacificadores, Trump é que provavelmente não efectivou o convite informal que havia feito em frente às câmaras há umas semanas.