Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende numa semana em que as redes e as novas tecnologias de informação voltaram a demonstrar um poder sem paralelo face aos meios de informação clássicos que apesar de se distinguirem, pelo menos alguns como este, pela verificação da informação e pelo tratamento jornalístico, claramente não competem no campo de alcance de audiência instantânea e de uma liberdade de expressão bidireccional poderosíssima. Isabel dos Santos deu uma entrevista que é um sucesso de visualizações e em Moçambique um blogger filmou em directo a sua morte às mãos da polícia moçambicana que continua a matar indiscriminadamente os seus cidadãos. O número de mortos que já ronda uma centena, já inclui mais de uma dezena de crianças apanhadas na repressão às manifestações contra a fraude eleitoral no país.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que só deu Biden em Angola, tanto entre nós como até fora de portas, onde o caos político que assolou a Alemanha no mês passado e que levou à queda da coligação que sustentava o governo, se estendeu à França, com uma queda aparatosa do governo de Michel Barnier ao cabo de apenas quatro meses - estão as duas maiores economias europeias mergulhadas em impasses políticos que vão levar meses a desencanar. O caos estendeu-se à Síria, que indirectamente infligiu uma derrota à Rússia que protegia o regime derrotado de Assad que teve de se refugiar na Rússia. Também na Coreia do Sul se vota a queda do governo, e o mesmo risco corre a governação da Geórgia com milhares em protestos nas ruas. Em Moçambique as mortes de moçambicanos às mãos de um governo sem condições de dar respostas diferentes de violência e balas, que parece apostado em equilibrar-se no poder em cima dos cadáveres da sua própria população – os mortos já chegam perto dos 90 com quase 300 baleados - a tragédia do apego autocrata ao poder.

eja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que a actualidade americana foi marcada por nomeações polémicas para o governo e para pastas vitais, em que à semelhança das nomeações que são feitas entre nós, parecem usar critérios completamente ad hoc, critérios de amiguismo básico que só não traduzem nepotismo por falta de consanguinidade, critérios que são tão obscuros quanto são os critérios que ente nós vêm nomeando gestores para cargos públicos, não só sem provas dadas de competência por onde passaram como por vezes com várias provas de incompetência gritante pelo caminho... Os nossos exemplos são demasiados, a começar com o líder que foi apontado com base saberá Deus e o falecido que o pôs lá em que prova de competência para o cargo à parte de uma lealdade bem fingida, mas são exemplos que se tornaram quase tradição.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que até os violentos protestos pela democracia nas ruas em Moçambique, em que até a re-eleição de Trump nos EUA, tudo ficou em segundo plano entre nós, porque a semana foi do Baltazar... Gostamos de uma boa novela e a Guiné Equatorial, que quase nunca foi notícia internacional, particularmente não por tanto tempo, tomou conta da nossa actualidade.