Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana marcada pela perda prematura e traumatizante de um dos fundadores do sindicato dos jornalistas, Ismael Mateus, professor, comentador jornalista, amigo e querido de tantos na classe, uma perda que entristece todos independentemente de qualquer discordância momentânea de posições, sobretudo uma perda traumática para a família a quem só se pode desejar muita força neste momento.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana marcada a nível internacional pela queda estrondosa do rapper mundialmente famoso Sean Combs, aka Puff Daddy, aka P Diddy. Super influente e poderoso na indústria da música, capaz de lançar ou desgraçar carreiras, dono de uma fortuna estimada acima dos 600 milhões de dólares, foi preso em Nova Iorque acusado de tráfico sexual, de abuso sexual de violação e de mais uma série de crimes de índole macabra. Dá a impressão de acção concertada para o destruir, até porque muitos dos casos são antigos e até casos que ele já teria sanado de modo extrajudicial, mas não há dúvidas de que muitas das alegações de que drogou e violou pessoas são verdadeiras. E o pior é que as famosas festas que organizava e que incluíam grande parte das celebridades de Hollywood, cantores, actores, produtores, estrelas do desporto, de tudo um pouco que marcaram a nossa infância e continuam a marcar o nosso quotidiano porque a América continua a ser a número um em exportação cultural, o pior é que todos os dias aparecem participantes das festas que nos são queridos e que nos fazem arrepiar de horror pela possibilidade de envolvimento em toda aquela sujeira ritualística que está a vir ao de cima com a queda de Diddy.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana marcada por reportes de que o presidente da nação mais poderosa do mundo está de viagem marcada para Angola. Já podemos imaginar os saltinhos de felicidade emocionados de alguns quadrantes entre nós que veem na visita a solução de todos ou pelo menos muitos dos problemas do país... a proverbial abertura da economia para o primeiro mundo, a abertura ao investimento, ao desenvolvimento, ao emprego, à qualidade de vida - a tudo o que a economia mais poderosa do mundo - e que vale quase trinta biliões de dólares - promete... 

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana a nível internacional marcada pelo debate de candidatos presidenciais nos EUA, que teve uma audiência de 67 milhões de pessoas, mais 16 milhões do que teve o debate entre Trump e Biden, entre a audiência angolanos, que não dormiram para ver o debate provavelmente porque em Angola, debate presidencial é matéria de sonho democrático que anda adiado há tantas décadas quantas anda o mesmo partido no poder. Um debate em que Trump substituiu Biden no papel do ‘velhinho’ e em que ao seu estilo populista disse que os estrangeiros comem gatos e cães de estimação dos americanos, como argumento implícito de que tem de ganhar para livrar a América de estrageiros. A campanha de Kamala Harris embolsou mais 47 milhões de dólares em 24 horas, sinal claro de que a democrata se saiu bem do embate. Lembra outro sonho adiado que é o da transparência no financiamento partidário e financiamento separado dos cofres do Estado...

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde já sabe, perguntar não ofende, depois de uma semana marcada entre nós por uma nota do partido no poder informando de que estaria a organizar uma marcha contra os que - dentro do partido - “semeiam a discórdia no seio da organização política e atentam contra o mandato do presidente do partido”... muito bom. “Belzebu contra Belzebu” - diz o sempre espirituoso o Frei Hangalo e que subscrevo. E, perguntas não faltam a começar com quem foi o ‘génio’ que decidiu expor as pudendas, as misérias do partido em asta pública, mais do que por aí já andavam... e depois há perguntas do foro mais administrativo, como será que avisaram a polícia para não bater e prender? É que essa é a reação primária da polícia a manifestações... Ainda não fez uma semana que Angola foi notícia a nível internacional porque a polícia reprimiu uma manifestação em Luanda e deteve - segundo um dos activistas entrevistado - pelo menos 16 pessoas. Pessoas que exerciam o seu direito constitucional de expressarem a sua opinião sobre uma lei também ela repressiva, a do vandalismo, e até jornalistas novamente, depois de em 2021 o presidente ter vindo pedir desculpa pela detenção de jornalistas que estavam a trabalhar depois de profissionais desta casa terem sido detidos por quatro dias durante a cobertura de uma manifestação e outros detidos e libertados no mesmo dia. Nódoas da governação. O governo em vez de reprimir a opinião pública tem obrigação de ouvi-la, e com muita atenção, porque é para as pessoas - e não para os seus interesses - que deve governar.