Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que decorreu a quarta edição da feira de tecnologia Angotic e em que o governo americano enviou uma delegação para se vir inteirar do progresso a nível de energias limpas no país do presidente galardoado com um prémio da preservação do ambiente (mas que autoriza exploração petrolífera em reservas ambientais). A propósito de tecnologias e de americanos li um artigo numa revista científica acerca de uma inovação do MIT, o famoso Instituto de tecnologia de Massachusetts. O MIT é uma das universidades mais respeitadas do mundo, de onde já saíram mais de uma centena de prémios nobel, e, onde estudantes e pesquisadores terão, em finais de 2022, apresentado uma inovação no campo da energia solar, um impressionante painel solar, flexível, com o aspecto e a gramagem de um exame de raio x ou de uma cartolina e capaz de transformar qualquer superfície em que seja aplicado numa fonte de energia limpa captada do sol. São um centésimo do peso de um painel solar, leves como folhas de papel e são capazes de gerar 18 vezes mais energia do que o painel clássico através de supercondutores que podem ser impressos e adaptados a qualquer espaço, que são também mais duráveis, mais resistentes e de produção mais barata do que qualquer painel solar até agora. A 'novelty' leva a questionar o valor futuro da Central Fotovoltaica do Caraculo (que provavelmente foi apresentada aos americanos como trabalho bem feito) ali tão perto de onde tenho tanta família. O Namibe que foi notícia esta semana pela chegada dos camelos (dromedários na verdade) prometidos pelo governador da província, e agora pergunto eu e muitos angolanos, já não tínhamos camelos suficientes de norte a sul do país, que é preciso encomendar mais?

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de mais uma semana dedicada ao Dia Internacional da Criança.

Seja bem-vindo a este seu espaço onde já sabe querido leitor, perguntar não ofende, numa semana em que, em várias latitudes, o poder foi exposto naquilo que são as acções e tácticas sórdidas que vai tão frequentemente praticando na busca da auto-manutenção.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que a actualidade mundial e nacional andou marcada pelo tema das eleições, que, por sua vez, também marcou a actualidade entre nós.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende no final de uma semana em que a actualidade internacional europeia foi marcada pelo atentado contra a vida do primeiro-ministro da Eslováquia um atentado perpetrado por um poeta septuagenário, que já escreveu três livros de poesia e seria o fundador do partido político Movimento Contra a Violência – pasme-se... é por estas e por outras que é tão difícil confiar no que dizem os políticos. Dois políticos, não de confiar, mas certamente de respeitar encontraram-se na semana que passou, Xi Jinping recebeu Vladimir Putin com honras de Estado e disse ao homólogo que a China e a Rússia “vão preservar a justiça no mundo” e que as duas nações são um “exemplo para outras potências em termos de respeito e abertura” recados claros para os EUA. Putin foi recebido com sorriso e braços abertos, guarda de honra, salvas de canhão e o hino dos dois países tocado por uma banda militar. Os dois líderes passaram em revista a guarda de honra antes de iniciarem o encontro à porta fechada, e desse encontro Putin saiu sorridente, bem diferente do que, disseram fontes chinesas e da delegação angolana que acompanhou o nosso chefe de Estado (e do estado de coisas) à China, ter acontecido à saída do encontro com o homólogo chinês. O chefe terá saído “cabisbaixo e amarrotado” da reunião com o número um chinês segundo essas fontes. E o que é facto é que o alívio económico que o chefe terá ido procurar e que o seu ministro de Estado para a coordenação económica anunciou para abril parece cada vez mais obra de ficção... e agora pergunto eu, o que aconteceu ao alívio que os angolanos iam sentir a partir de abril? Já vamos a meio de maio e nada! Antes pelo contrário, a nossa actualidade está a ser marcada por um aumento das tarifas dos transportes públicos que estão a piorar o caos que já existia da vida dos luandenses mais vulneráveis e que o Estado devia proteger mais. O caos deplorável nas paragens de autocarro conseguiu piorar porque muitos deixaram de poder pagar candongueiros, que também aumentaram os preços e encurtaram corridas, e os dependentes desse serviço público vêem-se agora confrontados com filas ainda mais intermináveis e com o dia a dia ainda mais dificultado e mais caro. Muitos passam a gastar em transportes mais de metade do ordenado porque o aumento de 200 por cento não foi pensado com as suas carteiras em mente.