E agora pergunto eu...
Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que o mundo da política nos lembrou, como lembra frequentemente, da sua capacidade para reviravoltas, para reviengas, para transformar heróis em vilões e vilões em heróis, como quem troca de meias... em política tudo parece possível devido ao controle sobre narrativas que são veiculadas em massa. Que o digam os bajuladores e aduladores do anterior presidente de Angola que se tornaram amnésicos quando um entre os seus decidiu transformar o anteriormente adorado em odiado... que o diga Volodymyr Zelensky, que depois de ter sido o queridinho da administração Biden se transformou no saco de pancada da administração Trump, que é de resto especialista em reviengas políticas dessas em que tudo é possível.

A lembrança mais assinalável a nível da actualidade internacional dessa mutabilidade foi sem dúvida o encontro entre o presidente americano e o actual presidente sírio, que só há alguns meses figurava entre os ‘Most Wanted’ - a lista dos criminosos mais procurados do mundo, como terrorista com uma recompensa de 10 milhões de dólares para quem o apontasse, ele que era um militante de liderança da Al Qaeda organização considerada terrorista e responsável pelos piores ataques terroristas da história dos EUA. Trump anunciou um levantamento das sanções contra a Síria e disse que o novo líder é “alguém com muito potencial”. Na visita à Arábia Saudita é que não houve nada de muito novo, “Money continues to talk” com o anúncio pelo príncipe saudita - o mesmo a quem o presidente Biden também foi dar um ‘cool’ apesar da investigação sobre a morte e desmembramento do jornalista Jamal Khashoggi apontar para ordens directas do príncipe - que anunciou investimentos estimados em 600 mil milhões de dólares, sendo que, no Qatar, Trump terá assegurado contratos promessa de compra de 210 Boeings para a Qatar Airlines no valor de 96 mil milhões de dólares que segundo a sua equipa vão assegurar 154 mil empregos por ano de produção em solo americano e 1 milhão até ao fim do contrato. Faz aqui as nossas promessas falhadas de 500 mil empregos parecerem infantis.
Mas também entre nós se viram reviengas políticas com o “PR das milhas” a aterrar no Gabão onde é actual líder o mesmo Oligui Nguema que o presidente Lourenço chamou de golpista quando tirou do poder ao primo Ali Bongo, o mesmo Bongó cuja revienga o viu aterrar em Angola depois de décadas no poder como refugiado salvo pelo presidente que vilificou o que o nomeou - supostamente por ser déspota - mas que salva os supostos déspotas alheios. Outra revienga lourencista esta semana foi a recepção ao líder da oposição que já destratou várias vezes, que já rotulou de malandros ou vândalos, numa revienga que se sinalizar o fim dessas narrativas divisionistas, que rebaixam a qualidade do debate político e que atrasam o país, poderá ser de facto positivo. Outra ainda foi a expulsão da equipa da RTP do Palácio provavelmente por ter reportado sobre Cabinda – tema que o poder não parece querer vez reportado em lado nenhum - numa exibição de aversão à liberdade de imprensa que se tem esforçado para esconder. Reviengas políticas querido leitor, mas reviengas que parecem não ter qualquer influência em mudar o que devia ser prioritário, o que devia ser missão da política mudar. Como a qualidade de vida das crianças do país que governa que só se tem deteriorado.
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Haja paciência…