EM RISCO DE FALTA DE ALIMENTOS

Manifestantes congoleses atacam embaixadas em Kinshasa depois dos ataques do M23 em Goma

31 Jan. 2025 Valor Económico Mundo

Diversas embaixadas em Kinshasa foram, esta terça-feira, 28, alvo de ataques de manifestantes congoleses, depois da captura da cidade de Goma pelos rebeldes do M23 apoiados pelo Ruanda.

Manifestantes congoleses atacam embaixadas em Kinshasa depois dos ataques do M23 em Goma

Com  o cerco de Goma, os manifestantes exigem uma acção por parte da comunidade internacional, no sentido de pressionar o Ruanda que apoia de forma declarada o M23.

Os ataques às embaixadas do Ruanda, França, Bélgica, Estados Unidos, Uganda e Quénia foram realizados por manifestantes, quando os rebeldes avançam no leste do país, segundo fontes diplomáticas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, qualificou de “inaceitáveis” os ataques, adiantando que os manifestantes “incendiaram o edifício”. 

Por sua vez, a ONU alertou, através do Programa Alimentar Mundial, para a falta de alimentos na cidade de Goma, precisamente onde se verificam há seis dias violentos combates em áreas residenciais entre o grupo rebelde M23 e as forças armadas congolesas.

A situação só pode piorar nas próximas horas com o encerramento do aeroporto de Goma e o bloqueio das principais vias de acesso, afirmou a porta-voz da agência, Shelley Thakral, a partir de Kinshasa.

As forças de segurança congolesas tentaram travar os rebeldes, que avançaram para Goma, uma cidade-chave a leste, numa escalada importante do conflito que dura há décadas.

Os incidentes na capital acontecem depois de os rebeldes, apoiados pelo Ruanda, terem afirmando na segunda-feira que capturaram a cidade estratégica de Goma, o centro de uma região que contém milhares de milhões de dólares em riqueza mineral que continua, em grande parte, inexplorada.

Analistas citados pela Euronews admitem que o objectivo dos combatentes do M23, um dos cerca de 100 grupos armados que lutam pela exploração mineral, é controlar a cidade de cerca de 2 milhões de habitantes e talvez outras áreas da região, a cerca de 1600 quilómetros da capital congolesa.

Este ataque marca uma escalada acentuada numa das guerras mais longas de África, ameaçando agravar dramaticamente a crise humanitária já existente.

A ofensiva fez com que milhares de pessoas fugissem das suas casas, além de um milhão de deslocados que já se encontram em Goma, e levou os hospitais ao limite, com centenas de feridos a chegarem todos os dias à medida que os civis são apanhados no fogo cruzado.