Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde já sabe, perguntar não ofende, depois de uma semana marcada entre nós por uma nota do partido no poder informando de que estaria a organizar uma marcha contra os que - dentro do partido - “semeiam a discórdia no seio da organização política e atentam contra o mandato do presidente do partido”... muito bom. “Belzebu contra Belzebu” - diz o sempre espirituoso o Frei Hangalo e que subscrevo. E, perguntas não faltam a começar com quem foi o ‘génio’ que decidiu expor as pudendas, as misérias do partido em asta pública, mais do que por aí já andavam... e depois há perguntas do foro mais administrativo, como será que avisaram a polícia para não bater e prender? É que essa é a reação primária da polícia a manifestações... Ainda não fez uma semana que Angola foi notícia a nível internacional porque a polícia reprimiu uma manifestação em Luanda e deteve - segundo um dos activistas entrevistado - pelo menos 16 pessoas. Pessoas que exerciam o seu direito constitucional de expressarem a sua opinião sobre uma lei também ela repressiva, a do vandalismo, e até jornalistas novamente, depois de em 2021 o presidente ter vindo pedir desculpa pela detenção de jornalistas que estavam a trabalhar depois de profissionais desta casa terem sido detidos por quatro dias durante a cobertura de uma manifestação e outros detidos e libertados no mesmo dia. Nódoas da governação. O governo em vez de reprimir a opinião pública tem obrigação de ouvi-la, e com muita atenção, porque é para as pessoas - e não para os seus interesses - que deve governar.

 

Seja bem-vindo querido leitor a este espaço onde já sabe - mas em época de 333 -vale sempre lembrar, perguntar não ofende, depois de uma semana em que o chefe de Estado e do estado de coisas desceu das nuvens - qual ave rara do paraíso - para ir às bases lembrar que são elas os alicerces do “grande edifício” que é o partido no poder e para fazer algo que se pareceu um bocadinho com queixumes (daqueles queixumes bem amargos)... Segundo o chefe parece que andam a falar mal dele... E perguntas não faltam. Para além do “quem se atreve a tal coisa?” - que o chefe possivelmente gostaria de ouvir dos seus ‘militontos’ - lembro que a genial expressão “militontos” não me pertence é emprestada do não menos genial e resistente jornal Folha 8 - mas outra pergunta que fica no ar é ‘será que é sério que o presidente se surpreende com falarem mal dele?’ Num país de 35 milhões de almas (mais de metade das quais na pobreza extrema) e num partido que se diz de milhões o chefe surpreende-se que falem mal dele que é o líder e por isso responsável máximo do que quer que corra bem ou que corra mal? No estado em que o país está, com as pessoas a terem dificuldade de comprar a cesta básica, em que mesmo os ‘chefes’ têm dificuldades de pagar salários, em que a economia mais do que nunca parece favorecer cada vez menos pessoas fora do 'inner circle' do poder, o chefe surpreende-se com falarem mal dele a ponto de se vir queixar de que o façam?

 

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que se assinalou o Dia Mundial da Ajuda Humanitária, e depois, o Dia Internacional da Abolição do Tráfico Negreiro.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que a actualidade foi marcada por uma série de mudanças relevantes algumas positivas outras nem por isso.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que a actualidade mundial continuou marcada por uma série de protestos, alguns com caracter violento e até fascista, como se viu no Reino Unido, onde foram alguns protestos foram organizados pela extrema-direita que quer correr com os imigrantes do país. Tudo começou com um ataque à faca em que foram mortas três crianças no norte do país por um jovem que nem sequer era estrangeiro. Apesar de falso, circulou o boato de que o atacante seria um refugiado, e então a extrema-direita saiu à rua e atacou hotéis onde estavam alojados refugiados, atacando qualquer estrangeiro pelo meio e depois alastrando a acção para propriedade de estrangeiros e afins. Vi mesmo uma mensagem de um angolano residente no Reino Unido queixando-se de que foram atiradas pedras às janelas das suas filhas que ficaram aterrorizadas e porque vivi lá muitos anos e a minha filha também lá nasceu, este é um tema que me toca de perto... Para combater o racismo inerente a esses protestos foram organizados contraprotestos com magnitudes mais expressivas para as zonas onde se esperava que os da extrema-direita fossem aparecer. As ruas tiveram de ser inundadas de polícia para assegurar que os dois lados não se encontravam e não transformavam as ruas numa batalha campal.