Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Seja bem-vindo querido leitor  a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana com a actualidade internacional marcada por tremores de terra... uns mais físicos, como o que pôs torres a abanar e desabar em cima de pessoas no Myanmar e na Tailândia, outros políticos como o que está a levar a Europa a aconselhar aos seus cidadãos a que mantenham kits de sobrevivência com básicos que os ajudem a manter-se vivos em caso de catástrofe como nova pandemia ou guerra, soa a que vêm aí más notícias e que mesmo a 'união' quer que os seus se virem sozinhos. Do outro lado do oceano, outros terremotos de índole política e económica continuaram imparáveis com Trump literalmente a reescrever o fluxo do comércio internacional com a imposição de tarifas que anunciam uma guerra comercial sem precedentes.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que a actualidade internacional foi marcada pela retoma dos ataques aéreos em Gaza, com Israel agora insuflada pela administração Trump que já deixou bem claro que não tem qualquer preocupação com a vida dos palestinianos, pelo menos mais 600 pessoas perderam a vida numa guerra em que 70% dos mortos são crianças mulheres e idosos. Esta foi também uma semana em que o presidente turco aprisionou um dos principais opositores políticos, o presidente da câmara da capital espoletando protestos nas ruas... não é só entre nós que quem está no poder quer escolher quem lidera a oposição e assegurar que não é ninguém que crie ameaça ou esperança de alternância - há por aí verdadeiras escolas de autoritarismo que fazem destes expedientes uma arte. E foi notícia o acordo de cessar-fogo entre o Ruanda e a RDC, mediado pelo Qatar, que acabou marcando a nossa actualidade pela exclusão da mediação do excelentíssimo presidente da União Africana e da Républica de Angola - que ainda não se tinha refeito da última desdita causada pelos impedimentos à conferência internacional sobre democracia - e que foi ‘qualquerizado’, como dizem os moçambicanos, tanto pelo Ruanda como pela RDC, enquanto insistia na vinda do M23 e da RDC para conversações de paz.

Seja bem vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, no final de uma semana em que a actualidade foi tomada pelos acontecimentos no aeroporto 4 de Fevereiro, quando uma delegação de cerca de 60 pessoas, com vários ex-presidentes e outras figuras da política internacional, como Venâncio Mondlane, ficaram várias horas retidas no aeroporto, algumas foram mandadas para trás, num show de musculação, deselegância e autoritarismo que é típico dos regimes que, como descrevia na semana passada neste espaço, ‘insistem em vestir o fato bonito da democracia que lhes fica pequeno e apertado demais’. “Vergonha” foi a palavra de ordem que se tornou cartão de visita nacional e que abafou outros acontecimentos que marcaram a actualidade como a queda de outro governo em Portugal o governo, desta vez por causa de uma avença mensal de 4500 euros a uma empresa do primeiro-ministro.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que entre nós se desenha mais um episódio da novela de mau gosto “oposição só a que eu permito”, um que mete ataques terroristas contra o presidente da nação mais poderosa do mundo em solo angolano, muita acção com uns pobres diabos alegadamente em posse de explosivos que, a avaliar pelo que foi apresentado, são meia dúzia de relíquias de guerra e que se quer fazer parecer perigosíssimos, e muito drama para continuar o combate a oponentes políticos prometido a Adalberto da Costa Júnior, com a assinatura dos nossos mais medíocres guionistas ao serviço da máquina política que comanda há cinquenta anos.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde, vale sempre relembrar, perguntar não ofende, depois de uma semana em que o país chegou a duas centenas de mortos por cólera, 35 dos quais crianças. Com mais de cinco mil infectados até final da semana que passou, são 13 as regiões afetadas pelo surto, depois da chegada à província do Cubango que já não é Kuando. Angola figura, segundo o Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças entre os cinco países do mundo com mais casos de cólera. Mais grave, Angola é o único país entre esses cinco que lideram este ranking de miséria e morte, em paz há muito tempo.