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E agora pergunto eu...

07 Aug. 2025 Geralda Embaló Opinião

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que a nossa actualidade andou marcada por protestos violentos e que se tornaram sangrentos e em que, ao contrário de muitas vozes que cobravam uma intervenção pública do chefe de Estado e do estado de coisas, pessoalmente, e a avaliar pela qualidade das intervenções públicas que o chefe faz frequentemente, eu não tinha qualquer pressa em ouvir o que teria para dizer.

E agora pergunto eu...

 O antecipado pronunciamento veio - só com três dias de atraso - mas felizmente parece ter sido produzido por alguém mais capaz, (o chefe leu a aparente custo) evitando assim os desastres orais já característicos de quando fala da própria cabeça e em que a boca por vezes lhe foge para a verdade como foi provavelmente o caso com o episódio do “meter o dinheiro do Estado no bolso”... Com a excepção do que até agora disse sobre a Palestina, pouco vem de valor no que é expelido por aquele orifício facial.

A propósito de Palestina, na semana que passou, o Canadá, o Reino Unido e a França e Portugal, depois de muita e intensa pressão pública, manifestaram a intenção de reconhecer o Estado da Palestina e de se juntarem ao grupo de 147 países que já o fizeram. A efectivarem a decisão, pressionados pela chacina que Israel leva a cabo em Gaza e que tem levado a que milhões protestem, entre os cinco membros permanentes do conselho de segurança das Nações Unidas, o único a não reconhecer a Palestina e os seus direitos enquanto nação soberana, serão os EUA. Também na semana, e, pela primeira vez desde que a guerra começou, duas das principais organizações sem fins lucrativos, defensoras dos direitos humanos em Israel acusaram o governo israelita de cometer genocídio em Gaza num relatório intitulado “o nosso genocídio” e juntaram a sua voz à de várias personalidades entre escritores académicos actores israelitas que estão a condenar o seu próprio governo pelo genocídio em Gaza. Os chefes de Estado têm muitas vezes os seus próprios interesses - frequentemente de manutenção do poder - e com base nesses interesses tomam decisões que vão afectar a vida de milhões de governados sem que estes necessariamente se identifiquem com elas. Daí que quando se diz que Israel leva a cabo um genocídio não quer dizer que os israelitas estejam de acordo com o que o governo está a fazer em Gaza. Do mesmo modo que entre nós quando as autoridades que deviam proteger as vidas de angolanos acima de tudo, os matam, abatem mães que fogem desarmadas com os filhos pela mão, abatem miúdos que fogem com sacos de arroz a que chamam vândalos (e a quem não tiveram competência de arranjar escolas, ou emprego, ou segurança social, condições de vida para que fosse desnecessário roubar comida que foi o alvo preferencial das pilhagens), quando o governo decide tirar a vida dos tais vândalos que criou com a sua má governação, não são os angolanos nem Angola, é quem os governa o responsável.

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Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico