MOTOTÁXI
Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana que terminou com a atribuição do Prémio Nobel a Maria Corina Machado, uma opositora de maduro na Venezuela (talvez o factor mais relevante) para irritação da Casa Branca que até um acordo entre o Hamas e Israel conseguiu tirar da cartola ao último minuto antes do anúncio, tal era a insistência da candidatura de Trump ao prémio Nobel. O Comité de Protecção dos Jornalistas estava entre os candidatos com outras instituições de apoio social e à democracia pelo trabalho em defesa dos jornalistas particularmente relevante no ano que passou em Gaza. Mas Maria Corina Machado, é uma mulher que faz política num contexto em que a democracia e o respeito pelos direitos humanos também se fazem escassos e em que a pobreza é o dia a dia de cerca de 90% da população. Uma taxa superior à de Angola com os seus mais de 80% e que vive igualmente um contexto de democracia “faz de conta que respeitamos a vontade do povo nos pleitos”.

Seja bem-vindo, querido leitor, a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana marcada a nível internacional por notícias de condenações à pena de morte.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde, já sabe, perguntar não ofende, no final de uma semana marcada a nível mundial pela cimeira da ONU, actualidade internacional de resto intersecional porque marca também a actualidade interna devido à presença do chefe de Estado e do estado de coisas na mesma tribuna onde Lula da Silva disse que “o mundo vive a consolidação de uma desordem internacional marcada por concessões à politica do poder”, onde Donald Trump disse que a conversa sobre as alterações climáticas é uma vigarice”, e onde Benjamim Netanyahu, descrito pelo presidente colombiano como Nazi, e procurado pelo TPI por crimes de guerra, falou para uma sala com muitos lugares vazios de onde ostensivamente grande parte dos participantes saiu para não o ouvir em sinal de nojo pelo genocídio que o seu governo leva a cabo em Gaza.

Seja bem-vindo, querido leitor, a este seu espaço onde, já sabe, perguntar não ofende, depois de uma semana com a actualidade internacional marcada pelo supernatural. Na Zâmbia dois homens foram condenados a dois anos de prisão com trabalhos forçados, acusados de - nada mais nada menos - do que planearem matar o presidente da república, Hakainde Hichilema, com recurso a feitiço... sim leu correctamente querido leitor, condenados à pena de prisão de dois anos por planearem usar feitiçaria contra o mais alto mandatário da nação. Aí se o chefe aqui ouve isso... o líder da oposição poderá mesmo ter de se preparar para um processo de feitiçaria (para se juntar a um possível de pedofilia, bigamia ou de terrorismo que alegadamente andaram por aí nas forjas do mesmo sistema que tentou utilizar a sua nacionalidade dupla e o anulamento do congresso da UNITA como pretextos para o afastar).

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que uma série de acontecimentos que nos podem levar a reflexões profundas, não tanto sobre o que aconteceu e que está fora da nossa esfera pessoal e colectiva de controle, mas mais sobre os valores também pessoais e colectivos que escolhemos tantas vezes nutrir.