Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de mais uma semana em que a actualidade mundial foi marcada pela revelação dos planos de Netanyahu para Gaza, que se resumem à continuidade e provável aumento da ocupação israelita do território... uma semana em que foi anunciado o aumento das sansões à Rússia por causa da morte do opositor de Vladimir Putin, Alexei Nalvany. E depois de uma semana em que o embaixador russo em Angola, em entrevista ao Valor Económico deixou claro que a Rússia é praticamente autossuficiente pelo que o impacto de mais sanções será provavelmente tão reduzido como tem sido o impacto das sansões impostas até agora.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que a actualidade mundial foi marcada pela morte do opositor de Putin, Alexei Nalvany, que estava sob custódia do Estado, na prisão onde cumpria uma pena de 19 anos acusado de actividades extremistas. Esta morte, numa altura em que estão marcadas eleições na Rússia para março, podia bem reflectir negativamente na candidatura de Putin... no entanto, sendo a Rússia a Rússia e Putin - Putin, a probabilidade desse reflexo ser insuficiente para que o poder mude de mãos continua a aparentar não ser significativa...

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que Angola apareceu no relatório da Fundação Mo Ibraim para boa governação intitulado ‘O poder dos dados (leia-se informação estatística) para a governação’ entre o grupo de países com um sistema de registo de tal ordem deficitário, com tantas falhas de recolha de dados estatísticos, que menos de 30% dos nascimentos são registados.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que estivemos todos a torcer pela selecção de Angola. O futebol, ocupou a grande parte do espaço mediático, quer com a prestação dos Palancas que encheu a nação de orgulho e que vale apesar da derrota por ter surpreendido pela positiva, quer com a consciência dos jogadores que não só deram uma lição aos nossos dirigentes a lembrar de coisas importantes como a fome, como no meio de tanto prémio que já veio tarde e em jeito de aproveitamento do seu trabalho, pediram apenas a presença da claque, demonstrando que jogam muito para elevar a alma e autoestima do país. Do lado oposto desse orgulho esteve esse aproveitamento feio em cima do descrédito e esquecimento a que havia sido votada a selecção, e esteve a ministra dos desportos a oferecer de “presente” - qual cheerleader aos pulinhos - à mão que a alimenta, uma prestação que não foi sua e que por isso não tinha o direito de oferecer... há coisas que não lembram ao diabo... “mais um presente para o presidente”... imagine o querido leitor que aquele combate à bajulação prometido no início da era João Lourenço fosse sério, o que seria da criatura... a pergunta sobre se ‘a derrota é também oferta para o presidente’ era expectável...

 

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de um final de semana em que a marcar a actualidade entre nós esteve a visita do secretário de Estado americano, o exonera/nomeia, desta feita ao som da “usurpação de poderes” que para governados tem significado tão pouco e esteve a vitória da selecção nacional que passou de besta a bestial à custa de uma vitória sobre a Namíbia que a colocou nos quartos finais. Uma vitória que valeu também muitas discussões sobre a mendicância da selecção, que levou a que um jogador lembrasse que a apesar da felicidade não esqueciam que muitos passam fome no país, e a que corresse um post com a estiga, supostamente por parte dos namibianos que dizia “tomara que essa vitória melhore o vosso sistema de saúde, saneamento e estradas”...  A marcar a actualidade da semana esteve ainda a presença de Angola pela primeira vez desde a década de noventa no censo mundial de jornalistas presos do Comité de Protecção de Jornalistas que lista os jornalistas presos em todo o mundo em conexão com o seu trabalho e demostra a regressão em termos de liberdade de imprensa, se o facto de quase não termos media privada hoje em dia e de estarmos reduzidos a pouco mais do que dois ou três jornais impressos não fosse suficiente.