Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende numa semana em que a actualidade andou mais uma vez marcada pela obstinação do presidente da República. O presidente João Lourenço é um homem obstinado e um homem obstinado frequentemente bem-sucedido porquanto obtém o objecto da sua obstinação. Vimos essa obstinação recentemente na teimosa inauguração do novo aeroporto, que está longe de ter condições para cumprir a sua função, mas que o homem insistiu que tinha de inaugurar mesmo que não tenhamos aviões internacionais a ali aterrar tão cedo... Vimos, e continuamos a ver, essa obstinação na perseguição sem tréguas a José Eduardo dos Santos e aos seus próximos, vimos essa obstinação ao ponto do macabro na luta com a família para reclamar o corpo de JES antes das eleições... Vemos a mesma obstinação na protecção aos que lhe interessa proteger, como o seu chefe de gabinete, o ex-VPR Manuel Vicente ou o presidente do Tribunal Supremo, que o levam a expor a hipocrisia, parcialidade e falência do seu combate à corrupção, e vimos novamente essa obstinação na concretização do seu sonho de ser recebido na Sala Oval da Casa Branca pelo presidente da nação mais poderosa do mundo que foi o principal acontecimento a marcar a actualidade na semana que passou.

Seja bem-vindo querido leitor a este espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que se espera que não tenha ‘ido com a chuva’, que a sua casa tenha sobrevivido à carga, e que não tenha perdido nada de muito valor...

 

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço, onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que após o terremoto político em Portugal, o presidente chinês foi lá, aonde quer ir o nosso... e agora pergunto eu, se algum génio da lâmpada concedesse em vez de desejos a escolha entre acabar a fome no país que governa e ser recebido pelo presidente americano, o que acha o querido leitor que escolheria o nosso presidente “a fome é relativa”?

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde já sabe perguntar não ofende, no final de uma semana em que os acontecimentos na metrópole da antiga colónia voltaram a mostrar o quão próximos, e simultaneamente o quão distantes andamos nós do colonizador, da Europa onde ele se insere, e no fundo o quão próximos das misérias e longe das benesses do desenvolvimento estamos em termos de desenvolvimento.

 

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde já sabe, perguntar não ofende depois de uma semana a nível internacional marcada essencialmente pela guerra em Gaza, que nos tem a todos como espectadores do que cada vez mais se assemelha a um genocídio, tal como o mundo testemunhou e deixou que acontecesse aos judeus -triste ironia- nas mãos dos nazis durante o holocausto nos anos 40.