Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que Angola apareceu no relatório da Fundação Mo Ibraim para boa governação intitulado ‘O poder dos dados (leia-se informação estatística) para a governação’ entre o grupo de países com um sistema de registo de tal ordem deficitário, com tantas falhas de recolha de dados estatísticos, que menos de 30% dos nascimentos são registados.

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que estivemos todos a torcer pela selecção de Angola. O futebol, ocupou a grande parte do espaço mediático, quer com a prestação dos Palancas que encheu a nação de orgulho e que vale apesar da derrota por ter surpreendido pela positiva, quer com a consciência dos jogadores que não só deram uma lição aos nossos dirigentes a lembrar de coisas importantes como a fome, como no meio de tanto prémio que já veio tarde e em jeito de aproveitamento do seu trabalho, pediram apenas a presença da claque, demonstrando que jogam muito para elevar a alma e autoestima do país. Do lado oposto desse orgulho esteve esse aproveitamento feio em cima do descrédito e esquecimento a que havia sido votada a selecção, e esteve a ministra dos desportos a oferecer de “presente” - qual cheerleader aos pulinhos - à mão que a alimenta, uma prestação que não foi sua e que por isso não tinha o direito de oferecer... há coisas que não lembram ao diabo... “mais um presente para o presidente”... imagine o querido leitor que aquele combate à bajulação prometido no início da era João Lourenço fosse sério, o que seria da criatura... a pergunta sobre se ‘a derrota é também oferta para o presidente’ era expectável...

 

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de um final de semana em que a marcar a actualidade entre nós esteve a visita do secretário de Estado americano, o exonera/nomeia, desta feita ao som da “usurpação de poderes” que para governados tem significado tão pouco e esteve a vitória da selecção nacional que passou de besta a bestial à custa de uma vitória sobre a Namíbia que a colocou nos quartos finais. Uma vitória que valeu também muitas discussões sobre a mendicância da selecção, que levou a que um jogador lembrasse que a apesar da felicidade não esqueciam que muitos passam fome no país, e a que corresse um post com a estiga, supostamente por parte dos namibianos que dizia “tomara que essa vitória melhore o vosso sistema de saúde, saneamento e estradas”...  A marcar a actualidade da semana esteve ainda a presença de Angola pela primeira vez desde a década de noventa no censo mundial de jornalistas presos do Comité de Protecção de Jornalistas que lista os jornalistas presos em todo o mundo em conexão com o seu trabalho e demostra a regressão em termos de liberdade de imprensa, se o facto de quase não termos media privada hoje em dia e de estarmos reduzidos a pouco mais do que dois ou três jornais impressos não fosse suficiente. 

Sejam bem vindos queridos leitor a este seu espaço estamos apenas no início do ano e o Valor Económico e a Rádio Essencial já lhe já trouxeram ao leitor e ao ouvinte duas entrevistas a não perder: a última com a empresária - Isabel dos Santos em resposta à acusação formal pela PGR, e que não passou despercebida - e antes dessa a entrevista ao Valor Económico do PCA do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) Anselmo Monteiro. As duas entrevistas estão disponíveis no website do Valor Económico e recomendam-se. 

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, nesta que é a última edição do ano 2023, depois de uma semana em que a outra instituição a que pertenço, para além desta casa que lhe traz o Valor Económico, a Rádio Essencial que lhe trouxe o Nova Gazeta que muito me orgulham, contou 63 jornalistas mortos em Gaza em 63 dias de guerra. Guerra ou melhor dizendo de inferno que Israel entendeu descer em Gaza que está a caminho de dois milhões de deslocados, de reclamar 20 mil vidas, sendo pelo menos 7,112 de crianças.