E agora pergunto eu...

17 Apr. 2025 Geralda Embaló Opinião

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que a actualidade internacional seguiu marcada pela guerra comercial que não se sabe anunciada se instalada, depois do anúncio de tarifas sem precedentes no “dia da libertação” de Donald Trump.

E agora pergunto eu...

A capa da The Economist da semana, toda vermelha, tinha um título em meio de diferentes expressões do presidente americano sobrepostas com uma única frase – “O tempo do caos”. E o caos está de facto instalado. As relações milenares dos EUA estão a sofrer fortes abanões, a Europa não sabe o que fazer sem o líder que está acostumada a seguir cegamente, os inimigos num repente são amigos - a Rússia foi dos poucos países a escapar de tarifas enquanto Angola não se salvou, os mercados mundiais estão em pânico e os anúncios de recessão amontoam-se uns nos outros.

Para a academia de ciências económicas estes são tempos de caos, mas simultaneamente tempos curiosos, dignos de estudo. Temos uma liderança mundial que sempre professou o liberalismo a contrariar o mercado livre, o laissez-faire que sempre foi seu mantra, e a instituir o proteccionismo que sempre condenou.

O que vai acontecer à teoria do liberalismo se as medidas de Trump derem resultado e beneficiarem a economia americana? Que exemplo para o resto do mundo e sobretudo para economias como a chinesa, em que o Estado é omnipresente? Ou mesmo para a nossa, que retém algumas características do comunismo na intervenção excessiva do Estado na economia misturadas com um capitalismo selvático (uma mistura gasosa que vem dando resultados desastrosos)?

Na cadeira de economia política na universidade - sempre das aulas mais interessantes - o professor era italiano, com tendências comunistas e dizia com escárnio que a escola da mão invisível de Adam Smith, que professava por sua vez a capacidade do mercado de se auto-regular com intervenção mínima do Estado, era coisa de americanos capitalistas e de direita, e que com o tempo se demonstraria incompetente sobre tudo a nível social. Terá chegado esse tempo? O que dizer de um capitalista que, posto na cadeira mais poderosa do mundo institui o proteccionismo e inaugura uma guerra comercial que ameaça a economia mundial exposta que está aos benefícios, mas também às ondas de choque contagiosas da globalização?

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Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico