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António  Vieira

António Vieira

Ex-director da Cobalt Angola

À beira de completamos os nossos primeiros 50 anos como país, estamos a ser ‘bombardeados’ por tantas condecorações que já ninguém consegue perceber o mérito de quem as recebe. Talvez porque vivemos no país onde mais ou menos oficiosamente “o cabrito come onde está amarrado” tenhamos perdido o sentido e noção de heroísmo. Na realidade, quem são os nossos verdadeiros heróis? Não sendo minha função definir neste espaço quem são e o que são heróis, pergunto-me a mim mesmo se um cidadão de elevada craveira empresarial é ou não um herói nacional. Vou explicar-me de modo a não deixar dúvidas aos que sempre duvidam de quem pensa fora da caixa.

Ao fim de mais destes 48 anos de Estado Independente, estamos numa encruzilhada sobre a qual nem sequer sabemos como nos “desenvencilhar”. Há alguns anos não muito longínquos, os males dos nossos antecessores andavam à volta do reumatismo e demais mazelas de carácter físico. Nos dias de hoje, temos que acrescentar os Parkinson e Alzheimer para além do Covid. Apesar de tudo isso, vamos mantendo o nosso estilo de vida pese o facto que sem a mobilidade de há alguns anos. Considerando tudo isto como normal, o anormal é não sabermos qual é o legado sobre o nosso estado que iremos deixar a nossa sociedade, aos que nos substituirão.

Há exactamente duas semanas subscrevi neste espaço sobre a necessidade de estabilizar os preços dos bens alimentares, sobretudo os da cesta básica, em vez de se aumentarem os salários conforme proposto pelos sindicatos. Sugeri ainda que se fizesse um protesto nacional a solicitar uma baixa de preços significativa uma vez que nós já temos experiência deste feito desde os segundo e terceiro trimestres de 2022. Nessa ocasião, muito por causa das eleições em curso o preço da cesta básica baixou em cerca de quarenta porcento. A essa baixa de preços fez-se acompanhar da valorização do Kwanza que subiu de cerca de 850 para cerca de 520 Kwanzas por dólar.

 

Em diversas ocasiões, defendi aqui neste espaço e tentei chamar a atenção para aumentos salariais por mérito para os quadros nacionais, salientando os professores. Como referi nesses artigos, o nosso professorado anda a ser muito mal pago, mesmo tendo em consideração a sua qualidade em grande parte duvidosa.

 

Terminou na segunda semana de Dezembro último a cimeira COP’28 (“Conference Of the Parties” das Nações Unidas sobre a Mudança Climática). Em sumário abrangente, anunciou-se como objectivo o fim da “Idade do Petróleo”. Relevante para mim foi o facto deste aviso ter sido feito por um dos maiores beneficiários do petróleo cuja fortuna é na sua totalidade proveniente desta matéria.