ANGOLA GROWING
António  Vieira

António Vieira

Ex-director da Cobalt Angola

Há exactamente duas semanas subscrevi neste espaço sobre a necessidade de estabilizar os preços dos bens alimentares, sobretudo os da cesta básica, em vez de se aumentarem os salários conforme proposto pelos sindicatos. Sugeri ainda que se fizesse um protesto nacional a solicitar uma baixa de preços significativa uma vez que nós já temos experiência deste feito desde os segundo e terceiro trimestres de 2022. Nessa ocasião, muito por causa das eleições em curso o preço da cesta básica baixou em cerca de quarenta porcento. A essa baixa de preços fez-se acompanhar da valorização do Kwanza que subiu de cerca de 850 para cerca de 520 Kwanzas por dólar.

 

Em diversas ocasiões, defendi aqui neste espaço e tentei chamar a atenção para aumentos salariais por mérito para os quadros nacionais, salientando os professores. Como referi nesses artigos, o nosso professorado anda a ser muito mal pago, mesmo tendo em consideração a sua qualidade em grande parte duvidosa.

 

Terminou na segunda semana de Dezembro último a cimeira COP’28 (“Conference Of the Parties” das Nações Unidas sobre a Mudança Climática). Em sumário abrangente, anunciou-se como objectivo o fim da “Idade do Petróleo”. Relevante para mim foi o facto deste aviso ter sido feito por um dos maiores beneficiários do petróleo cuja fortuna é na sua totalidade proveniente desta matéria.

Há situações muito específicas e únicas na sua essência de tal forma que são discutidas e postas de lado, mas que não deveriam ser esquecidas. E só por isso, às vezes, temos de voltar à ‘vaca fria’, temos que ‘desenterrar cadáveres’, verificar o nosso apetite para o dito pitéu. Há pouco mais de meia dúzia de semanas, o prato do dia era o ‘pacote remunerativo’ dos nossos deputados. Sobretudo as benesses associadas ao privilégio de se ser deputado.