KWIK

E agora pergunto eu...

22 Aug. 2025 Geralda Embaló Opinião

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende numa semana em que o jornalismo esteve e está sob ataque aqui e em outras partes do mundo. Soa sempre algo umbiguista quando um jornalista fala de ataques ao jornalismo porque para a audiência há sempre problemas maiores, problemas com escala comunitária ou nacional, problemas mais graves que afectam continentes inteiros... No entanto, quando o mensageiro é atacado, não é apenas a mensagem que se perde, são frequentemente os olhos e os ouvidos das nações dos seus povos, governos e do mundo que se fecham e se fecham frequentemente para a realidade dos mais vulneráveis. É pelo perigo de nos tornarmos cegos, surdos e, por consequência, mudos, que a liberdade de imprensa, o acesso à informação e a liberdade de expressão são direitos humanos inalienáveis.

E agora pergunto eu...

Nesta altura em que escrevia o Comité de Protecção dos Jornalistas para que trabalho como pesquisadora para a África Lusófona está a documentar na região que me é adstrita a detenção de dois jornalistas em Angola, a expulsão da agência Lusa e da RTP da Guiné-Bissau, as investigações sobre o desaparecimento forçado de dois jornalistas em Cabo Delgado em Moçambique e o possível envenenamento de uma terceira, isto enquanto os meus colegas da região documentam a prisão de dois jornalistas na RDC, ataques a jornalistas que cobriam demolições no Gana, entre muitos outros.

No domingo antepassado, forças israelitas lançaram um ataque direccionado que matou de uma assentada seis jornalistas que eram dos poucos ainda capazes de mostrar ao mundo o que o governo Israelita está a fazer naquele território, como está a matar crianças e velhos à fome, a tiro, com drones. O objectivo de fechar os olhos e os ouvidos do mundo ao que se passa em Gaza não podia ser mais evidente e indisfarçado. Mais de 190 jornalistas e trabalhadores de media foram mortos nessa guerra, mais jornalistas do que nos três anos anteriores. E a inércia dos líderes mundiais com raras excepções, a falta de consequências efectivas para Netanyahu que se consegue manter protegido apesar do Tribunal Penal Internacional o declarar criminoso de guerra, de apontar que usa a fome como arma de guerra, e de o acusar de crimes contra a humanidade, está não só a prolongar o genocídio dos nossos tempos, mas também a dar um mau modelo para os outros aprendizes de autocratas seguirem ou pelo menos apontarem como exemplo do que podia ser pior enquanto tudo piora à volta.

Para ler o artigo completo no Jornal em PDF, faça já a sua assinatura, clicando em 'Assine já' no canto superior direito deste site.

 

Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico