Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que a actualidade internacional seguiu marcada pelas ameaças de nova guerra por parte do candidato a Nobel da Paz Donald Trump ou pelo menos do que se parece com um preparar de narrativa para justificar uma guerra ou intervenção militar na Venezuela com acusações sérias e algo desacompanhadas de provas.

Portugal continuou a arder e a onda de indignação com a escala de destruição obrigou o primeiro-ministro a encurtar as férias, até músicas lhe dedicaram (que entre nós seriam kuduros, mas que em vez de levar ao cancelamento de férias seriam olimpicamente ignoradas). A Alemanha prendeu um ucraniano que ajudou a planear o ataque aos gasodutos Nord Stream em 2022, e o comunicado das autoridades alemãs lembrava que o apoio à Ucrânia não pode ser misturado com o acobertar de crimes e que a independência das autoridades policiais na Alemanha, que investigaram minuciosamente o ataque e determinaram ter sido orquestrado por ucranianos e não por russos (que era o peixe que nos estavam a tentar impingir primeiro), não pode ser posta em causa por questões políticas. Uma idoneidade institucional que nos faz tanta falta querido leitor, como de resto lembrava na semana passada o Relatório do Departamento de Estado Americano a que fiz referência neste seu espaço de perguntas. Pergunto-me que país teríamos se existissem esses ‘checks and balances’ essa independência institucional, que garantem o equilíbrio de poderes de Estado nas sociedades democráticas. Portugal deu recentemente um exemplo neste campo com o chumbo da lei dos estrangeiros que o Parlamento queria alterar e que o Tribunal Constitucional chumbou, declarando o diploma inconstitucional em pelo menos cinco normas conforme os direitos e garantias previstos na Constituição portuguesa.

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