E agora pergunto eu...

10 Jul. 2025 Geralda Embaló Opinião

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana em que o governo aumentou o preço do gasóleo para 400 kwanzas por litro, em cumprimento de um calendário que não é do conhecimento público - porque o governo não sente necessidade de dar cavaco, de dar satisfações à população - mas que sabemos que dita como meta a remoção dos subsídios aos combustíveis que é parte dos acordos de financiamento com o Fundo Monetário Internacional.

E agora pergunto eu...

A retirada dos subsídios não está em causa porque os subsídios introduzem distorções e acabam beneficiando quem não precisa, porque consomem recursos públicos que deveriam ser alocados a sectores prioritários e que tenham a capacidade de gerar recursos, porque incentivam o tráfico de combustíveis e um arraial de outros desvios.

No entanto, as perguntas em torno do corte aos subsídios referem-se sempre ao timing e ao grau de consideração a que foram sujeitos os mais vulneráveis aos choques que se vão seguir e a que medidas de mitigação desse choque, estará o governo em condições de introduzir. Há outras perguntas pertinentes como “será que essa poupança nos subsídios vai ser aplicada de forma racional?” É que a avaliar pela forma como têm sido geridos os recursos do país, a poupança poderá bem ser direccionada para renovar frotas automóveis dos ministérios ou da Assembleia Nacional, dos conselheiros, da presidência dos governos provinciais e afins... Também pode ir para pagar as comemorações dos 50 de indigência - perdão - de Independência, ou até para pagar o combustível do avião do chefe que continua sem pouso (e a obrigar a pobre da vice a ir constantemente ao aeroporto dizer olá e adeus)...

Na semana que passou o chefe discursava no estrangeiro, e confuso como de costume, disse que os recursos que poderiam ser alocados para o desenvolvimento “estão a ser desviados para uma nova corrida ao armamento que infelizmente lembra o século passado” e que “os líderes africanos estão preocupados”- ele que foi aos americanos prometer um super-investimento na modernização das forças armadas angolanas desta feita saindo da matriz russa para a americana, o que evidentemente iria significar um investimento biliões e que seria igualmente “um desvio infeliz do desenvolvimento da educação ou da saúde” – confuso, pisca à esquerda vira à direita...

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Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico