Suely de Melo

Suely de Melo

Nestes dias que andaram, Manuel Homem resolveu ‘bicar’ o Tomás do Cazenga. Este foi rapidamente às redes sociais agradecer à missão lhe foi confiada por estes quase três anos, mas não perdeu a oportunidade de se lamentar. O autor do lema “o processo é dinâmico e irreversível” apelou para o “vitimismo”, ao considerar que “até a mais nobre intenção é merecedora de julgamentos”.

E abriram-se as portas do paraíso a quase 100 países. A esperança é que Angola seja abarrotada por cidadãos dos mais variados cantos do mundo. Mas como esperar ter êxito no fomento ao turismo num país onde os preços de tudo e de nada estão pela hora da morte? Onde hotéis, resorts, restaurantes e afins praticam preços astronómicos. Num país que não tem estradas condignas que liguem uma província à outra e que levem aos principais destinos turísticos e, portanto, onde o turista se vê quase impossibilitado de conhecer as belezas de Angola sem depois se contorcer de dores no corpo. Ao azarar-se em optar pelas viagens de avião, corre o risco de passar uma boa parte do tempo no aeroporto, a julgar pelas constantes bandeiras da nossa companhia de Bandeira... Num país onde o Ministério do Interior está mais preocupado com os polícias que fazem dancinhas do tiktok do que em sanar o vício da gasosa dos nossos oficiais, que, diga-se de passagem, parecem ter uma apetência acentuada pela tez mais clara. Onde os números da criminalidade são de assustar, que o diga o atleta britânico que decidiu percorrer por toda África e bastou chegar a Angola para receber as boas vindas com um assalto básico. É boa ideia escancarar as portas de um país com uma péssima qualidade de atendimento em todo e qualquer serviço, burocracia excessiva, de um país que precisa de um trabalho de casa profundo?

Na ânsia de afastar completamente o seu antecessor e apagá-lo dos anais da história, da qual foi protagonista por mais de 38 anos, João Lourenço acabou por trocar os pés pelas mãos.