Democracia à moda angolana…

07 Dec. 2024 Suely de Melo Opinião

Na era da informação, em que as palavras ganham vida e os discursos se entrelaçam com a realidade, a afirmação do Ministério do Interior sobre a existência de uma democracia plena no nosso país soou como um eco distante de verdades não ditas. Ora, esta semana ficamos a saber que afinal muito boa gente esteve todo este tempo enganada quando pensou que houvesse alguma aversão às manifestações.

Democracia à moda angolana…

Afinal não passa tudo de pura preocupação com os manifestantes e se algum pecado é cometido é nada mais nada menos do que por excesso de zelo. Isso mesmo disse o secretário de Estado do Interior. Para Arnaldo Carlos, não há dúvidas de que em Angola há uma democracia plena e justificou-se com a realização de manifestações. Nada de novo… Já é costume usar-se a realização de manifestações como um testemunho da liberdade de expressão e da democracia em Angola. No entanto, essa narrativa esconde uma realidade crua: a repressão. Arnaldo Carlos e seus pares parecem ignorar, ingénua ou deliberadamente, o contexto sombrio que acompanha as manifestações no país. Os relatos de repressão policial, de pessoas detidas, feridas e até mortas durante esses protestos são alarmantes. O cerceamento da liberdade de expressão não se dá apenas pela proibição de manifestar-se, mas, sobretudo, pela forma como os direitos dos cidadãos são tratados quando ousam levantar as vozes contra o regime. À medida que as manifestações de protesto se multiplicam, a resposta das autoridades é sempre uma demonstração de força desmedida. A Polícia, que deveria ser uma guardiã da ordem e da segurança, transforma-se num agente de repressão, evidenciando um aparente viés nas suas acções. Enquanto as marchas de apoio ao regime desfrutam de um tratamento favorável, afinal é tudo deles, manifestações que buscam criticar ou questionar são rapidamente sufocadas num manto de violência e intimidação. Essa diferença de abordagem revela não apenas a política de dois pesos e duas medidas, mas também o reflexo de uma democracia que, na essência, não existe.

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