Esqueçam o Magic Kingdom e o Disneyland Park. Não se iludam com o Disneyland Paris ou com o Disneyland Toquio. Ignorem também os grandes parque temáticos na China, em Espanha ou nos Emirados Árabes Unidos. Por seu exclusivo (de)mérito, Angola acaba de reclamar o posto de maior parque de diversões do mundo. É o maior parque temático a céu aberto com impressionantes 1.246.700 quilómetros quadrados.

É um menu vasto. Interminável. Infinito. E os vigílias de serviço são pessoas que exigem ser tratadas como governantes ou agentes do Estado.

Tão extenso quanto é, o Disneyland Angola diferencia-se dos concorrentes também por permitir brincadeiras mais diversificadas. Até as mais ridículas e de puro mau gosto. 

Por exemplo, aqui, neste parque, há uma instituição do Estado (o SIC) que se ridiculariza com a apresentação de meia dúzia de granadas enferrujadas como prova de uma séria ameaça terrorista contra a Presidência da República. E fá-lo mesmo depois da finalização da instrução preparatória e da dedução da acusação pelo Ministério Público. Ou seja, manipulando a cronologia dos alegados factos e usurpando jurisdição alheia. Ou seja, o SIC faz a suposta investigação, prende os supostos terroristas e apresenta-os à Procuradoria-Geral da República. Esta, por sua vez, instrui o processo, autoriza a permanência dos alegados terroristas na cadeia e, antes de serem presentes ao juiz, o SIC vai buscá-los à cadeia para apresentá-los à sociedade. Como se não fosse suficiente, depois de tudo isso, alguém entende ser uma excelente ideia colocar outros ‘agentes’ do Estado a dizerem na televisão que as instituições estratégicas do Estado estavam sob forte ameaça terrorista. E, para completar o circo, os que se dizem advogados de defesa dos pretensos terroristas aparecem também a condenar os seus próprios constituintes, ‘denunciado’ a existência de mandantes ou autores morais da tentativa de uma tentativa do que dizem uma tentativa de derrube de objectivos estratégicos do Estado. E advinham que são os mandantes? A Unita, claro! Enfim... É improvável que alguém tenha assistido a tanta palhaçada num único parque.

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