ANGOLA GROWING
LOCAL PODE GARANTIR EFICIÊNCIA ECONÓMICA E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

Identificado o primeiro Sítio Ramsar de Angola

CONSERVAÇÃO. Zona abriga espécies de aves migratórias como flamingos, pelicanos, grous, cegonhas, garças e águias. Depósito de lixo, desflorestação e as barreiras de migrações apontados como perigo para várias espécies migratórias.

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O Saco dos Flamingos, na comuna dos Ramiros, em Luanda, é, desde a semana passada, a primeira zona húmida do país a contar com placas que a identificam como Sítios Ramsar, considerados importantes para a diversidade biológica de uma região específica.

De acordo com o secretário de Estado para o Ambiente, Joaquim Manuel, é “relevante a identificação destes locais, uma vez que representa uma forma de atingir maior eficiência económica de sustentabilidade ambiental, para o bem-estar da população em relação à vida animal e vegetal”.

A recuperação das zonas húmidas, esclarece, implica também a migração de diversas aves, vindas até da Ásia, com um habitat em Angola, onde o local deve estar sadio para a recepção das mesmas e avistamento por parte dos populares e turistas.

“A conservação do habitat das zonas húmidas contribui para o equilíbrio do ecossistema e a construção de infra-estruturas sociais que agregam para o ecoturismo”, frisou.

Na zona dos Flamingos, foram avistadas espécies de aves migratórias como flamingos, pelicanos, grous, cegonhas, garças e águias.

Apesar de ser deficiente, a protecção das áreas de alimentação e paradas de aves migratórias em Angola, o responsável admite que já se sente maior atenção na limpeza destes locais pela passagem de aves nos locais, como são os casos do Saco dos Flamingos, em Luanda, e da Baia de Lobito, em Benguela.

O depósito de lixo, a desflorestação e as barreiras de migrações colocam em perigo várias espécies de aves migratórias.

Em Angola, estão identificadas 11 zonas húmidas, nomeadamente Lagoa do Carumbo (Lunda-Norte), do Arco (Namibe), Saco dos Flamingos (Luanda), Mangais da Foz do Rio Chiloango (Cabinda), complexo Lagunário de Saurico (Bengo), Lagoa do Calumbo (Luanda) e Baia do Lobito (Benguela).

O Complexo de Zonas Húmidas de Kumbilo (Kuando-Kubango), o troço do rio Kwanza da Muxima/Barra do Kwanza/Luanda, a lagoa da Quilunda (Luanda) e as Chanas do Parque Nacional da Cameia/Moxico são outras zonas húmidas eleitas.

Adoptada HÁ 47 anos

A Lista de Zonas Húmidas de Importância Internacional (ou, Lista de Ramsar) é o instrumento adoptado a 2 de Fevereiro de 1971, na cidade de Ramsar, no Irão, para promover a cooperação entre países na conservação e no uso racional das zonas húmidas no mundo. Ao aderir à convenção, os países signatários devem designar, pelo menos, uma zona húmida dos seus territórios para ser integrada à lista que, uma vez aprovada por um corpo técnico especializado, receberá o título de Sítio Ramsar.

As zonas húmidas reconhecidas como sítios Ramsar beneficiam de prioridade no acesso à cooperação técnica internacional e apoio financeiro para promover projectos que visem a sua protecção e a utilização sustentável dos seus recursos naturais, favorecendo a implantação, em tais áreas, de um modelo de desenvolvimento que proporcione qualidade de vida aos seus habitantes.

Fonte de biodiversidade

É considerada zona húmida toda a extensão de pântanos, charcos e turfas, ou superfícies cobertas de água, de regime natural ou artificial, permanentes ou temporárias, contendo água parada ou corrente, doce, salobra ou salgada. Abrange, inclusive, represas, lagos e açudes e áreas marinhas com profundidade de até seis metros, em situação de maré baixa. Elas fornecem serviços ecológicos fundamentais para as espécies de fauna e flora e para o bem-estar de populações humanas, rurais e urbanas, além de regular o regime hídrico de vastas regiões e funcionar como fonte de biodiversidade em todos os níveis. Também cumprem um papel vital no processo de adaptação e mitigação das mudanças climáticas, já que muitos desses ambientes são grandes reservatórios de carbono.