E agora pergunto eu...
Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que a actualidade internacional "foi marcada por nova ameaça de terceira guerra mundial depois dos ataques de Israel ao Irão, dois países com potencial nuclear por confirmar, mas que têm centrais nucleares e condições para desenvolver bombas nucleares, num conflito que, se os EUA intervirem a favor de Israel, pode aumentar de escala rapidamente". O texto que foi para o ar na Rádio Essencial foi evidentemente ultrapassado pelas acções de Trump que atacou o Irão, entretanto. À hora que escrevo já criticou Israel por ter violado o acordo dizendo que as duas partes não sabem o que ... estão a fazer (sim insultou no ar) – é difícil acompanhar.

O reflexo imediato do ataque foi uma subida de 8% no preço do barril do petróleo que sustenta a nossa economia, que só foi parada pelo anúncio do presidente americano de que não iria atacar o Irão imediatamente em defesa de Israel como queria o governo israelita. Como já deu o dito por não dito, como de resto lhe é habitual, o barril voltou à escalada, prometendo alívio a economias dependentes como a nossa.
Mudando de assunto tenebroso para tema de júbilo até porque é mais raro entre nós, a marcar a actualidade da semana que passou esteve o ministério da Saúde e a primeira operação robótica no continente africano conduzida à distância, a muita distância mesmo, cerca de 11 mil quilómetros, por um médico nos EUA.
O especialista que operou a próstata de um paciente com cancro, disse que o procedimento foi um "avanço impressionante — não apenas em termos tecnológicos, mas também no avanço da equidade global na saúde”. Equidade é de resto um conceito que nos faz falta a todos os níveis... e seria este um marco histórico digno de aplauso sem quaisquer reservas, caso não estivéssemos a falar de um país que enfrenta uma pandemia de cólera - essa moléstia que é espelho de miséria... caso não estivéssemos a falar de um país que há décadas vê os seus cidadãos a morrer de malária, outra moléstia que tantos outros países, países não tão ricos como Cabo Verde, já conseguiram erradicar. Angola é um país onde a equidade é miragem.
Em 2024 foram cerca de 11 mil os mortos atribuídos à malária, e, embora o orçamento para o combate à doença tenha subido, para cerca de 16 milhões de dólares - note o querido leitor que o orçamento para as coisas robóticas é reportadamente de cerca de 26 milhões - o que compromete a execução não é apenas a falta de verbas efectivamente libertadas (sabemos que a execução dos orçamentos por vezes ronda os 25%), mais grave é a falta de uma alocação responsável dos fundos que entram de facto, a falta de uma alocação com prioridades bem definidas.
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Até aqui, Angola perdeu oito anos