A greve geral e o atraso a que estamos atirados
Contra todas as expectativas de acompanhamento do século do conhecimento, da informação, da inovação, continuamos a regredir. Continuamos a ser impedidos de avançar, de ter tempo, disponibilidade e condições para ganhar habilidades e desenvolvê-las. Isto porque somos obrigados dia sim, dia sim também a mantermo-nos presos em discussões estéreis. O partido-Estado fez um bom trabalho de casa ao longo destes quase 50 anos e com maestria aprisionou as instituições, pessoas e suas mentalidades, que cometem atrocidades imbuídos no espírito de que é o certo a ser feito.
Mas a realidade é lamentavelmente mais aguda e vem-se intensificando e acelerando a repressão, o controlo desmedido, digno de quem tem a lição bem estudada dos ensinamentos contidos nos escritos de Nicolau Maquiavel sobre o caminho que os governantes devem tomar para se manterem no poder, usando da velha máxima “os fins justificam os meios”. E mais uma vez, quando pesávamos já estar no fundo do poço, é-nos mostrado que muito mais há ainda por onde cair. Ora, no nível mais abaixo do que aquele em que já estávamos, os grevistas viraram delinquentes, criminosos da pior estirpe e quase que com a cabeça a prémio. Não admira que se tivesse avisado que as forças de defesa e segurança estariam em prontidão para actuar nos dias de greve. Jamais visto. Empunhando perigosos e letais cartazes de aviso de greve prontos a serem bombardeados nas portas das instituições a que pertencem, os grevistas foram prontamente impedidos pela polícia de cometer um acto que decerto representava um perigo à nação. Os grevistas, um enfermeiro no Bengo e funcionários da Ende no Huambo, foram apanhados em flagrante delito, de sabe lá Deus o quê, tendo o do Bengo sido libertado no mesmo dia e os do Huambo sido alvos de julgamento sumário no dia seguinte. “Surpreendentemente”, por insuficiência de provas, foram absolvidos e postos em liberdade.
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