E agora pergunto eu...
Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana a nível internacional marcada pelo caos pós-eleitoral na Venezuela onde se aguardam actas que demonstrem cabalmente quem foi o vencedor das eleições -coisa que por aqui devíamos ter visto e não vimos - e entre nós marcada pelos atrasos nos pagamentos dos salários da função pública.
O director nacional da tesouraria do Minfin veio a público - e bem - os responsáveis da gestão pública devem explicar-se aos contribuintes quando os seus pelouros dão buraco (o que é frequente), e disse primeiro que não era atraso porque ainda se estava em época de pagamento os funcionários é que se habituaram (pelos vistos mal mas com culpa de quem?) ao dia 22 até 25, e explicou também que não se tratou de uma falha informática, mas de um desfasamento acentuado nas receitas recebidas que bate com a execução da dívida. Pergunto-me se este linguajar quer dizer que não havia dinheiro para pagar a tempo, o que sinaliza uma evidente falta de capacidade de calendarização por parte não dos mal-habituados, mas de quem mal os habitou? Mas o responsável fez uma coisa importante, que foi pedir desculpa pelos constrangimentos causados pelo atraso às pessoas e às famílias causados pelo que é evidente ter sido uma falha de gestão com consequências para aqueles que dependem do salário pago pelo Estado.
Segundo o director nacional alguns funcionários já teriam recebido, outros iriam receber no mesmo dia, outros no dia seguinte, outros no domingo e outros ainda segunda-feira... As enchentes à volta dos multicaixas de pessoas desesperadas a verificar as contas para ver se o salário caiu estiveram aí alguns dias, até porque os funcionários públicos por sua vez pagam outros salários e outras contas que fazem circular os kwanzas pela economia. A corda rebenta sempre pelo lado mais fraco querido leitor. E trata-se de muita gente. No ano passado a ministra da Administração Pública afirmava serem mais de 800 mil pessoas as empregadas pelo Estado, pelo menos de acordo com os registos do sistema de gestão financeira do Estado em maio do ano passado.
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