A forma de trabalhar já não é a mesma
O mundo, tal como conhecíamos, mudou. A pandemia da covid-19 criada pelo novo coronavírus veio alterar as nossas rotinas, obrigar a uma nova reorganização dos nossos dias e condicionar a nossa movimentação. À medida que saímos do estado de isolamento, procuramos retornar à normalidade, realizando as atividades que já não fazíamos há algum tempo. Contudo, por receio, insegurança ou mesmo por imposição legal, deixámos de frequentar locais e de fazer coisas que antigamente faziam parte do nosso ‘roteiro’.
Agora, por necessidade ou por extrema saudade, retornamos à realidade recorrendo a novos métodos/formas de estar, as quais, inevitavelmente, vêm impactar a nossa vida, quer a nível pessoal, quer a nível profissional. Não sabemos quanto mais tempo iremos ter de lidar com o vírus e condicionar a nossa vida à sua presença. Sabemos, no final, que teremos de nos ajustar para ultrapassarmos os obstáculos e voltarmos a uma nova normalidade.
Face ao exposto, parece-nos que algumas mudanças vieram para ficar, como, por exemplo, a figura do “teletrabalho”. Naturalmente, nem todas as atividades podem ser realizadas recorrendo a este novo ‘formato’, no entanto, para outras este contexto pandémico veio acelerar e introduzir uma evolução que já era expectável. Para as atividades onde a realidade do ‘teletrabalho’ é possível, as entidades empregadoras são agora confrontadas com diversos desafios. Por um lado, o distanciamento físico requer uma maior dinamização de iniciativas que visem a manutenção do espírito de equipa, o foco no trabalho e o sentimento de integração, por outro, traz uma maior flexibilidade ao colaborador na sua gestão pessoal, bem como alavanca ganhos inequívocos de eficiência. Para setores da economia, cuja qualificação não seja tão exigente e a atividade operacional seja maioritariamente física, assiste-se a perdas de produtividade. No sentido oposto, em setores de maior qualificação técnica, cuja presença física não seja relevante, conclui-se que este novo modelo de trabalho é uma boa solução. Passados cerca de seis meses, o balanço está a ser feito e, muito provavelmente, nas atividades possíveis o ‘teletrabalho’ veio para ficar e as empresas tornam-se ‘hubs’ para encontros e resolução de situações pontuais (também neste aspeto o conceito de empresa, enquanto instalação física, vai mudar).
Naturalmente, com estas mudanças não pode ser posto de parte o papel da formação, como um instrumento relevante para enfrentar esta nova realidade. A troca de informação, realidades, experiências, irá ser essencial para os novos desafios que se avizinham. A educação, outrora recebida, carece de uma permanente atualização, de forma a renová-la para uma sociedade mais digital e apoiada em ferramentas e aplicações modernas, como é bom exemplo disso, a utilização crescente das plataformas de comunicação que facilitam o trabalho à distância, não só para a interação intraempresa, como também, com os clientes e fornecedores.
Por fim, mesmo com a preocupação da saúde, irão ser criados mecanismos e desenvolvidas capacidades para garantir a nossa boa adaptação, neste mundo cada vez mais imprevisível, inconstante e em rápida transformação. Esta é a nova realidade.
Rodrigo Ribas, Manager EY, Assurance Services
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