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Breve balanço de 2020

13 Jan. 2021 Opinião

Apesar de todos os acontecimentos menos bons deixarem marcas e dissabores, é importante olharmos, de forma positiva, crítica e construtiva, para o ano inesperado e desafiador que terminou.

Chegámos a Janeiro. Momento para projeções e novas perspetivas. 2020 talvez tenha sido o ano em que a maioria de nós mais desejou que chegasse ao fim, pela carga de esperança e renovação que se coloca numa mudança de ano. Sair de um ano que desde o início nos colocou em constante transformação, adaptação, mudança e insegurança, e passar para um novo ano que, esperamos, nos trará de novo o regresso a um dia-a-dia sem limitações (ou pelo menos menores), maior segurança e saúde para todos. Do lado das organizações, a entrada num novo ano, ainda assim, antevê um período desafiante, com desafios económicos generalizados, que vão exigir revisões na organização das equipas, adaptações dos processos e a construção de uma estratégia ajustada a um período de recuperação ainda que imprevisível.

Apesar de todos os acontecimentos menos bons deixarem marcas e dissabores, é importante olharmos, de forma positiva, crítica e construtiva, para o ano inesperado e desafiador que terminou. Sobre um conjunto de restrições e inseguranças, com impacto pessoal e profissional, é possível termos uma visão sobre as transformações positivas que o contexto de pandemia trouxe às pessoas e às organizações, e que, inevitavelmente, vão permanecer no nosso dia-a-dia, ainda que com algumas adaptações.

A ampliação tecnológica ocorrida em 2020 foi sem dúvida a maior das transformações que podemos assinalar. Nomeadamente, quando analisamos a extensão alcançadaa nível das empresas e das pessoas, particularmente nas mais resistentes à adoção de ferramentas digitais ou à automatização de processos. Sem este salto, dificilmente teríamos conseguido dar continuidade às atividades e responsabilidades a partir das nossas residências – pelo menos para a maioria – e o balanço que estaríamos agora a fazer seria desastroso. As áreas de sistemas de informação tiveram aqui um papel essencial, de garantir as condições necessárias para a continuidade do trabalho num formato remoto e as pessoas demonstraram uma enorme capacidade de adaptação a um novo formato de trabalho num contexto de insegurança e instabilidade social.

O teletrabalho, que até 2019 era considerado por grande parte das empresas, uma possibilidade apenas para algumas funções – poucas eram as organizações que já tinham adotado este formato de trabalho e aquelas que o tinham não era num formato permanente – passou com distinção como um modelo de trabalho funcional e exequível, com reduzido ou nenhum impacto na qualidade, na entrega e na eficácia dos processos de trabalho – naturalmente que, ainda assim, é essencial garantir o eixo tecnológico referido anteriormente. O teletrabalho veio claramente para ficar em 2021 e nos próximos anos, por um lado, pela flexibilidade que concede às pessoas contribuindo para a relação vida pessoal vs trabalho mais positiva e flexível, por outro, pela possibilidade de redução de custos que concede às organizações, em custos fixos e consumíveis, mesmo que estes se revertam noutro tipo de benefícios mais adequados a este novo formato de trabalho. Esse será o desafio das organizações para 2021: adaptar modelos de trabalho e estruturas de benefícios.

Por fim, e essencial para a superação de um ano carregado de transformações, foi o desenvolvimento ou consolidação de competências-chave para que mesmo num contexto de instabilidade e desconhecimento, conseguíssemos manter o bem-estar e cumpríssemos com a nossa missão nas organizações e essencialmente nas nossas vidas. A resiliência e a capacidade de adaptação foram duas competências fundamentais para levarmos o ano que agora terminou de forma positiva e capaz de superar os desafios diários com que nos deparámos, tanto para as pessoas como para as organizações. Por um lado, a forma como os processos, as rotinas e as ferramentas foram adaptadas, garantindo o cumprimento do propósito e as responsabilidades atribuídas. E por outro, a capacidade de superar obstáculos, ainda que num contexto imprevisível, desconhecido e tenso, foi essencial no reforço das equipas de trabalho, na gestão dos clientes e no contacto com os parceiros.

A capacidade de transformação de cada um de nós neste contexto atípico foi sem dúvida a grande lição que podemos tirar de 2020 – somos capazes de nos transformar perante a mudança e o imprevisível! Saímos bem e reforçados de 2020, conhecendo os nossos limites e as nossas forças. Este é um ano que vamos guardar nas nossas memórias pelas piores razões. Contudo, devemos levar connosco os aspetos positivos que 2020 nos obrigou a encontrar e termos sempre presente que a solução está, na maioria das vezes, aqui ao lado, mesmo que, por vezes, haja um caminho a fazer para lá chegar. Que 2021venha carregado de energia positiva!

 

Patrícia  Vicente

Patrícia Vicente

Manager EY, People Advisory Services