Comemoração dos 20 anos do CEIC e do seu relatório económico
Ao comemorar os 20 anos da sua criação em 17 de Março de 2002, a Universidade Católica de Angola (Ucan) e o seu primeiro Centro de Investigação vão organizar uma série de eventos, que condignamente retratem a sua importância enquanto instituição mais representativa da pesquisa social em Angola, durante 2022.
No dia 4 de Abril de 2022 celebram-se, igualmente, 20 anos sobre a assinatura dos Acordos de Paz que criaram janelas importantes de oportunidades para a modernização das estruturas produtivas, a renovação dos tecidos sociais e o aprofundamento da democracia política.
Na visão de D. Damião Franklin, primeiro reitor da instituição, o completamento do círculo virtuoso do ensino universitário não aconteceria sem que existisse um centro de investigação, destinado a apreender conteúdos modernos das disciplinas académicas (transmitindo-os da melhor maneira aos estudantes), mas igualmente a criar conhecimento, só possível através da pesquisa. Na concretização desta visão exerceram também um papel decisivo D. Filomeno Viera Dias, arcebispo de Luanda e naquela data vice-reitor da Ucan e D. José Manuel Imbamba, arcebispo de Saurimo e em 2002 secretário-geral da Ucan. Igualmente como um dos grandes incentivadores da pesquisa na Ucan deve ser destacado monsenhor Alves Cachadinha (do grupo de fundadores da Ucan), sistematicamente interessado no desenvolvimento e no engrandecimento do CEIC e na divulgação (interna e internacional) dos seus produtos. Do mesmo modo, a Dra. Maria Helena Miguel se colocou, enquanto vice-reitora para a Área Académica da Ucan, ao lado da necessidade da investigação científica como elemento agregador de conhecimento e fundamental para a qualidade dos conteúdos curriculares da Ucan. Identicamente se deve um destaque ao Padre Jerónimo Cahínga na sua qualidade de vice-reitor para a Investigação e Extensão Universitária.
Estiveram, também, na origem da criação do Centro de Estudos da Católica de Angola, Justino Pinto de Andrade, Carlos Leite (representante-residente do Fundo Monetário Internacional em Angola à data), Ennes Ferreira (Professor Associado do ISEG), Alves da Rocha, Adão Avelino e Emílio Griõn. Todos estes “fundadores” tinham à data relações profissionais e académicas com a Ucan, donde ter sido fácil interpretar as reais necessidades de investigação social do país.
O primeiro Relatório Económico de Angola centrou a sua pesquisa sobre a nova situação de partida do país uma vez obtida a paz, na presunção de que a ausência de guerra era um factor de desenvolvimento económico extraordinário, havendo que aproveitá-lo da melhor maneira para a construção de um futuro que apagasse os tremendos sacrifícios de guerra consentidos pela população mais pobre, mais carente e mais marginalizada do país.
Os Relatórios Económicos seguintes acabaram por provar que esta ambição não se concretizou como teria sido possível, tendo-se verificado ciclos de empobrecimento crescente, coincidentes com ciclos de enriquecimento sem justa causa. Esta função de denúncia da deterioração das condições sociais e económicas foi uma das que o CEIC desempenhou ao longo dos seus 20 anos de existência, no convencimento de que as suas chamadas de atenção, baseadas em pesquisa científica e evidências empíricas de índole variada, pudessem alertar os decisores das políticas económicas e sociais para os erros de interpretação que foram sendo cometidos e que se expressaram em políticas de intervenção desadequadas da realidade. Nesse primeiro Relatório Económico 2002 sugeriu-se que a reconstrução do país, depois de 27 anos de guerra civil, levasse em consideração reflexões em torno das consequências decorrentes da instauração do socialismo em 1976, com os seus modos de produção próprios e a necessidade de construção de novas relações de produção, uns e outras que alteraram profundamente os tecidos sociais e as estruturas produtivas existentes à altura do colonialismo. É uma reflexão que ainda está por fazer, tendo o CEIC alguma responsabilidade no seu atraso.
A equipa do Relatório Económico 2002 apresentou os seguintes integrantes: Alves da Rocha (coordenador), Idalina Valente, Carlos Leite, Marinela Amaral, Marília Poças, Ondina Neto e Ramos da Cruz. A integração de novos elementos foi acontecendo ao longo dos anos, sendo participantes do Relatório Económico 2019-2020: Alves da Rocha (coordenador), Ana Duarte, Fernando Pacheco, Francisco Paulo, José Oliveira, Luís Bonfim, Manuel Alberto, Regina Santos, Teurio Marcelo e Wilson Chimuco.
Um reconhecimento especial a alguns colaboradores de sempre do CEIC, desde as primeiras horas e mesmo nos momentos mais difíceis da instituição: Fernando Pacheco, José Oliveira, Ana Duarte, Luís Bonfim e João Fonseca.
ALGUNS DESTAQUES DOS 20 ANOS DO CEIC:
l O lançamento do projecto da Palanca Negra em 2003 que conseguiu demonstrar a sobrevivência deste símbolo nacional após o conflito armado. Esse trabalho, que alcançou eco internacional, traduziu-se na publicação de um Relatório e a outorga do prestigiado prémio Whitley Award for Nature ao Eng.º Pedro Vaz Pinto.
l A instituição em 2005 de um ciclo de conferências e palestras anual com temáticas sociais, históricas, culturais e económicas envolvendo em debates as mais diferentes organizações e personalidades da vida intelectual de Luanda e incentivando os alunos da Ucan a fazerem da pesquisa o seu acervo de conhecimentos científicos e práticos.
l O importante apoio financeiro da embaixada da Noruega que permitiu admitir investigadores e desenvolver um programa consistente de projectos de pesquisa.
l A colaboração com o CMI e as publicações conjuntas CEIC-CMI (Angola Brief).
l Em 2007, a publicação da revista académica da Ucan ‘Lucere’.
l A criação do modelo macroeconómico para a economia de Angola (moducan) com a colaboração do Jan Isaksen do CMI.
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