Desenvolvimento da pecuária no Sul de Angola

13 Feb. 2017 Sem Autor Opinião

Em termos de abate, as cinco províncias do Sul de Angola: Huíla, Cunene, Namibe, Kuando-Kubango e Benguela serão responsáveis por cerca de 90% dos animais abatidos em Angola. Esta situação era justificada pelas difíceis vias de comunicação e o abate tendia a realizar-se próximo dos centros de consumo.

A actual melhoria da circulação rodoviária permitirá viabilizar o abate junto dos locais de produção e transportar a carne, em boas condições, para os locais de consumo.

É fundamental o acesso a factores de produção a preços competitivos e a um serviço técnico que reúna condições de prestar uma assistência agronómica, zootécnica e veterinária eficaz, na produção e conservação de pastagens e forragens, na sanidade, no melhoramento e no maneio animal, utilizando métodos de gestão modernos e formação profissional constante.

Estas medidas só serão possíveis através de formas associativas, e do investimento público e privado ou em parcerias público-privadas de interesse para o sector, pese embora o apoio incondicional dos vários incentivos, que deverá ser dado aos ‘Jovens Agricultores’ e aos Finalistas dos Cursos em Ciências Agrárias que, desde logo, mostram o seu interesse, sensibilidade e conhecimentos, caso queiram instalar-se na actividade agrícola e pecuária.

Entende-se que as linhas apontadas permitem considerar como factores essenciais ao “desenvolvimento pecuário no Sul de Angola” as acções que visem:

- a criação de programas e incentivos que contribuam para a ‘Instalação de Jovens’ na agricultura e na pecuária, rejuvenescendo a classe profissional.

- a instalação de uma unidade industrial de abate, ‘Matadouro’, funcionando como o epicentro da produção pecuária junto da produção, minimizando custos e danos na qualidade sanitária e apresentação da carcaça dos animais, dotada de ‘Rede de Frio’, que transporte a carne, nas melhores condições, até ao mercado retalhista e consumidor final. - a criação de ‘Unidades de Assistência Técnica Móvel’, disponíveis para apoiar os criadores de gado;

– o ‘Fomento e Requalificação do Gado’ principalmente do ‘sector camponês’, que são detentores de cerca de 95% do efectivo nacional, através do melhoramento animal, tendo por objectivo a produção de mais e melhor carne, para o consumo nacional e para a exportação, e de mais e melhor leite para o consumo das famílias e melhores desmames dos vitelos.

– a instalação de um ‘Agrupamento de Defesa Sanitária’, tendo em vista o controlo sanitário dos animais, no pressuposto da defesa da saúde pública; e a criação de um ‘Agrupamento de Produtores de Carne com Denominação de Origem Geográfica’, que tenha por princípios as condições de adaptação e criação, tendo em atenção a preservação e as condições edafoclimáticas, adoptando e cumprindo regras que visem a produção de carne de excelência, para ser consumida em nichos de mercado mais exigentes e apresentar características para a exportação.

Sabemos também que estes objectivos só poderão ser conseguidos, não só pelos criadores de gado, mas com todos os que directa ou indirectamente estão envolvidos no sector, e fundamentalmente com o apoio do Estado, através de linhas de crédito, acessíveis e desburocratizadas, de fundos de investimento do Estado à construção de infra-estruturas, água e energia e criação de subsídios à produção e comercialização, assim como à instalação dos mais jovens.

Em suma, devemos estar cientes da necessidade de se disciplinar a produção de carne, no propósito de uma melhor rentabilidade das explorações agro-pecuárias, empresariais ou camponesas, como da necessidade de se produzir mais carne e de melhor qualidade, com o objectivo de contribuir para a criação de emprego, apresentar ao consumidor alimentos-base, de grande qualidade, produzidos em Angola, e de diminuir substancialmente as importações de carne.

O Sul de Angola sempre foi, é e será o ‘Solar da Produção de Carne’.

 

Licenciado e Mestre em Engenharia Zootécnica.