E agora pergunto eu...
A semana que passou terminou com a actualidade mundial marcada por uma série de eventos que, de alguma forma, convergem para as tecnologias e para a sua dualidade intrínseca no sentido em que, se, por um lado, permitem aumentar a quantidade de informação exponencialmente com todas as implicações positivas que esse aumento tem para a qualidade de vida humana, certamente, por outro, a dependência humana nessas tecnologias se revela frequentemente problemática.
Em Portugal viram-se dois exemplos opostos com a gigante provedora de serviços de comunicação Vodafone a sofrer um ataque cibernético que deixou a empresa de rastos e com ela todos os usuários dos seus serviços de telecomunicações incluindo o serviço de ambulâncias nacional, por outro, a capacidade da polícia judiciária ajudada pelo FBI americano de impedir o que podia ter sido um ataque com feridos e mortos numa universidade em Lisboa e que foi possível impedir graças ao acompanhamento das consultas online do jovem que planeava o ataque. Ninguém gosta de ser espiado, mas todos gostamos de estar seguros.
Outras marcas tecnológicas na actualidade mundial foram a ameaça do dono do Facebook – agora Metaverso – de que pode quando quiser bloquear o serviço de Facebook e Instagram para a região europeia porque lhe foram aplicadas multas, (isto de ter uma empresa dona de grande parte da nossa capacidade de comunicar é perigoso); outro exemplo de marca tecnológica veio do espaço pela mão do bilionário Elon Musk. O dono da Tesla, através de outra empresa, a Starlink, tinha colocado 49 satélites em orbita na quarta-feira e perdeu 40 por culpa de uma tempestade geomagnética.
Esses 49 satélites que Elon Musk lançou para a órbita da terra e que são parte de uma rede de mais de 1.400 satélites visam, segundo a empresa, oferecer serviços de comunicação super rápidos e acessíveis, sendo que o objectivo da empresa é a colocação de 42 mil satélites da Starlink no espaço nas próximas décadas. Tema que me lembrou de...
E agora pergunto eu, e nós, o nosso satélite é como? Anda onde? Faz o quê?
Com a queima desses 40 satélites que foram para o espaço na quarta-feira, a Starlink perdeu um investimento que ronda os 20 milhões de dólares, segundo a Fortune Magazine. É naturalmente um valor diluído pelo investimento massivo e estrutural que a Starlink já tem, mas estes números não podem deixar de nos deixar cabisbaixos, 20 milhões de dólares para 40 satélites em órbita.
O nosso satélite que custou 120 milhões de dólares e que tinha um veículo para o levar para o espaço que custava outros 132 milhões de dólares é como? Um satélite que, ao todo, com contrato para a construção do comando terrestre (mais 50 milhões), com aluguer da posição orbital (mais 25), iria custar um total de 320 milhões de dólares. Esses milhões aprovados, muitas lágrimas de emoção no lançamento, e satélite que é bom, nada? Rocha? E não me refiro ao ex-ministro (tornado governador) quando pergunto ‘rocha’, a pergunta é mesmo rocha de “rochou”? E fica só assim?
O mundo das supertechs é fantástico e não é de admirar que, das cinco maiores empresas do mundo, apenas uma não seja tecnológica e mantenha o espectro da configuração do passado: a petrolífera Saudi Aramco (a quarta maior empresa do mundo), as outras são a Amazon, a dona do Google, a Microsoft e a Apple que lidera o ranking. E pensar que a Tesla, a sexta maior empresa do mundo, produtora de carros elétricos de última geração e do mesmo Elon Musk, dono de mais de 1.400 satélites em órbita, tinha planos de fazer negócio com a Efacec devido à reconhecida capacidade tecnológica da empresa que detém know-how na produção de baterias elétricas e que o Governo de Angola – para tirar das mãos da filha do ex-presidente – ofereceu a Portugal... Há negócios, lógicas e estratégias que, francamente, e como se diz entre nós, “só Deus na causa”.
A propósito de Deus na causa, enquanto as tecnologias marcaram a actualidade dos outros que põem 40 satélites no espaço com 20 milhões de dólares, nós que vimos o nosso orçado em 320 milhões de dólares desaparecer, andamos a discutir com a Igreja Católica porque os padres deram em dizer umas coisas impensáveis como: tem de se investir no diálogo político para diminuir a intolerância política e o clima de tensão; como as eleições tem de ser transparentes; e como “há fome em Angola” – fome que de relativa nada tem. Contra factos (e estes são factos) não há argumentos. Daí que as “baterias” que, infelizmente, não só não são eléctricas como insistem em “babar óleo”, se voltem para atacar mensageiros em vez de pensar mensagem, enquanto os outros vão lançando satélites no espaço.
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