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Este ano não foi melhor...

25 Dec. 2019 César Silveira Opinião

Um ano de muito aprendizado. É assim que se pode caracterizar este que termina, 2019. As dificuldades impostas às famílias pela conjuntura económica e financeira do país foram um verdadeiro teste à capacidade de resiliência. Muitas foram afectadas, registou-se desemprego, em muitos casos dos principais pilares, e não conseguiram dar à volta as consequências. Jovens estrearam-se na criminalidade e/ou na prostituição. Houve também os que tentaram fazer justiça ao ditado, segundo o qual, as dificuldades podem resumir-se em janela de oportunidades. No entanto, a inexistência de condições favoráveis para, por exemplo, a criação de pequenos novos negócios permite afirmar que é elevado o nível de insucesso dos que tentaram fazer da dificuldade uma oportunidade.

Ou seja, muitas empresas fecharam, mas poucos são os desempregados que se transformaram em micro investidores. Não por falta de vontade, mas, sobretudo, porque não encontraram apoio e/ou capacidade de resposta das instituições de microfinanças ou de bancos.

No entanto, o ano terá sido bom para uns poucos grupos empresariais, aqueles que foram escolhidos pelo Governo para dar exemplo que, afinal, não passa de discurso a promessa do combate aos monopólios e aos contratos por ajustes directos.

Omatapalo, Angorascom ou Gemcorp Capital estão entre as que tiveram 2019 como um ano de bons negócios em Angola, enquanto, no extremo, inverso se posicionam empresas como a Aernegy, United Shine Ltd ou ainda os bancos Postal e Mais. 

Portanto, não foi este ano que a política deu sinais de pretender deixar que seja o mercado a ser o grande juiz do desempenho dos empresários…

… E naquilo que o Governo se deveria destacar, falhou. É o caso, por exemplo, da licitação de novos blocos de petróleo. A estratégia do Governo foi de iniciar o processo com a licitação dos blocos das bacias de Benguela e Namibe quando, pela urgência em aumentar a produção no futuro mais próximo possível, o mais viável seria iniciar com os das bacias do Congo que, em 2010, já tinham sido licitadas e cujo potencial é mais bem dominado pelos potenciais investidores. É quase certo que, se fossem estes colocados à venda, o resultado seria diferente ao que aconteceu com os blocos de Benguela e do Namibe, em que alguns sobraram, esperando-se por 2020.

Portanto, que o próximo ano seja diferente, pois 2019 não foi melhor que 2018.

César Silveira

César Silveira

Editor Executivo do Valor Económico