Literacia Financeira – importante complemento para a estabilidade e desenvolvimento económico e social
Se recuarmos até 2008, há evidências que indicam que a falta de conhecimento e competências financeiras contribuíram para a crise financeira mundial da época. Esta crise, revelou que a promoção da literacia financeira é um importante complemento à regulação e supervisão do sistema financeiro. Desde então, a temática referente à capacidade de ler, interpretar, gerir e comunicar sobre a condição financeira pessoal, e a forma como esta afecta o seu bem-estar tem sido amplamente discutido em fóruns internacionais, inclusive no 3.º Encontro sobre Inclusão e Formação Financeira dos Bancos Centrais dos Países de Língua Portuguesa, realizado em 2017, onde os bancos centrais lusófonos celebraram com a Aliança para a Inclusão Financeira um protocolo para a promoção da inclusão e da formação financeira, reforçando a mensagem de que cidadãos mais informados conhecem os seus direitos e deveres tendendo a ser clientes mais exigentes.
Não obstante a relevância do tema, os resultados do Inquérito sobre a Capacidade e Inclusão Financeira da população angolana, divulgados no passado Outubro, indicam que, em média, o nível de percepção de conceitos financeiros básicos pelos adultos angolanos é baixo (19.ª posição) em relação aos 21 países relatados no estudo do Banco Mundial, sendo que os jovens apresentam um índice de literacia abaixo da média, o que reforça a necessidade de actuar na vertente educativa.
Tendo em conta esta preocupação, as autoridades de supervisão financeira angolanas têm vindo a efectuar esforços, elaborando iniciativas de divulgação de informação e formação financeira, incluindo o fortalecimento do Programa Nacional de Educação Financeira, que integra não só a educação financeira nas escolas, onde as crianças e jovens adquirem a capacidade de elaborar e gerir o orçamento familiar, mas também a divulgação de mensagens através de estações públicas de rádio e televisão, portais de informação e redes sociais, de forma a alcançar uma parte significativa da população e incrementar o índice de Literacia e Capacidade Financeira da população.
Incrementar o Índice de Literacia e Capacidade Financeira é contribuir para uma maior aproximação entre os cidadãos e o sistema financeiro formal. Este é o desafio primordial para o futuro e que apela à atenção dos decisores nacionais para moldar um futuro inclusivo a nível económico e social.
Ana Bungo,
Consultora EY, Consulting Financial Services
Leonor Peleja,
Manager EY, Business Consulting Services
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