Nova vaga de Financiamento à economia? Como não ficar de fora
Os últimos 21 meses testemunharam a injecção por parte da banca comercial do equivalente a 1,2 mil milhões de dólares na economia, apenas ao abrigo do Aviso n.º 10/2020 do BNA.
Os esforços do Executivo para dinamizar a economia angolana e estimular o investimento, através da concessão de crédito junto da economia real, parecem começar a surtir o efeito desejado.
Assim, à margem de outros veículos de financiamento à economia como o PAC ou a Linha dos mil milhões de dólares do BDA, o grau de execução do Aviso n.º 10/2020 do BNA está a revelar-se muito satisfatório, superando em determinados quesitos os objectivos inicialmente traçados.
Com efeito, o total de crédito aprovado ao sector real da economia pela banca comercial cifrou-se em 358% do valor mínimo estabelecido, sendo que o efectivamente desembolsado representava 265% do valor mínimo a ser financiado.
Desde a publicação do normativo até Dezembro de 2021, foram concedidos um total de 471 créditos, dos quais 374 com desembolsos efectivos. Estes 471 novos créditos concedidos ao sector real da economia correspondem a um total de 634 mil milhões de kwanzas (equivalente a USD 1,2 mil milhões), dos quais 75% já foram efectivamente desembolsados até final de 2021, num montante que ascendeu a 472 mil milhões de Kwanzas (equivalente a USD 906 milhões).
Se atendermos à dimensão, as maiores beneficiárias destas verbas, entretanto desembolsadas, foram as Grandes Empresas que obtiveram um encaixe de 227 mil milhões de Kwanzas (48%), ombreando com as Médias Empresas com 214 mil milhões de Kwanzas (45%). As Micro e as Pequenas empresas com 14 mil milhões de Kwanzas (3%) e 13 mil milhões de Kwanzas (3%), respectivamente, acederam a encaixes praticamente inexpressivos. Significa, portanto, que 94% do financiamento desembolsado é canalizado para as empresas de maior dimensão.
Parece evidente que as Micro e Pequenas Empresas são aquelas que tendem a apresentar projectos de viabilidade mais frágeis (quando apresentam), insuficientes colaterais e escassa capacitação na Gestão por parte do promotor, dando todos os argumentos à banca comercial, cada vez mais exigente nas suas análises de crédito, para que “chumbem” estes projectos.
Tal como já oportunamente antevíamos, parece evidente a necessidade de os promotores se ajustarem a esse nível de rigor, apresentando projectos cada vez mais qualificados, assentes em sólidos estudos de viabilidade e numa equipa de gestão com pergaminhos firmados.
A verdade é que este caminho parece estar a ser trilhado.
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