A TRANSFORMAÇÃO EM CURSO NA INTERACÇÃO ENTRE SEGURADORAS E SEGURADOS

19 Nov. 2019 Opinião
D.R.

Com o avanço tecnológico sem paralelo nos últimos anos, que criou condições para que, a nível de ‘hardware’ e ‘software’, possamos estar constantemente conectados, surgiram inúmeras aplicações de vários sectores económicos que, de uma ou mais formas, revolucionaram o modo como nos relacionamos com as empresas.

Neste capítulo, as companhias de seguros estão também a fazer o seu percurso procurando alterar a forma como interagem com os clientes, quer na vertente comercial, quer na gestão de sinistros.

Os seguros do tipo ‘usage-based’, como o ‘pay as you live’, permitem recompensar os tomadores por comportamentos que contribuam para um estilo de vida mais saudável, através da atribuição de descontos no seguro com base na actividade física. O ‘pay as you drive’ utiliza métricas, como o local de condução e a distância percorrida, para ajustar o prémio de seguro. Já o ‘pay as you go’ permitirá que o tomador apenas utilize o seguro quando está exposto ao risco, como por exemplo, um ciclista que se pretenda precaver em determinadas ocasiões. Estes exemplos, apesar de não serem exaustivos das soluções presentes no mercado, mostram o potencial que existe para o desenvolvimento de novos produtos e sobretudo, nos casos referidos, produtos de ‘mass market’.

No mercado interno, Angola é um país com um potencial enorme no que respeita à adopção destas novas tendências, uma vez que detém uma população muito jovem, em que cerca de 50% tem até 18 anos, prevendo-se que o ritmo de crescimento continue muito acelerado, aliado ao facto de que já se investiu em infra-estruturas essenciais ao nível das telecomunicações que permitem que uma parte significativa da população se encontre conectada ou venha a estar num futuro próximo.

As companhias de seguros em Angola podem assim ter uma oportunidade de ouro para aumentar o segmento de ‘mass market’, comunicando com os clientes através de uma linguagem mais fácil e moderna, criando produtos que possam aproximar mais as companhias deste segmento de grande potencial.

Estas transformações não são isentas de desafios. É necessário, para além do esforço comercial e de marketing conducente ao desenvolvimento e colocação de novos produtos, haja a criação ou a adaptação dos sistemas que permitam agilizar o processo de subscrição e também a necessidade de direccionar o capital humano da companhia para a persecução destes objectivos. Apesar do esforço, monetário e humano, que possam enfrentar, as companhias devem investir nesta transformação sob pena de verem outros ‘players’ ocuparem este que é, na base, o seu mercado tradicional.

Rúben Olival

Rúben Olival

Manager EY, Assurance Services