Banco da China inaugura hoje primeira filial em Luanda
BANCA. Quase um ano depois do aval das autoridades angolanas, a sucursal do Banco da China em Luanda arranca esta segunda-feira. Sede operacional será em Talatona e operações de crédito e outras transacções arrancam apenas em Agosto.
Banco da China (BOC) anunciou, para esta segunda-feira, a inauguração da sua primeira sucursal em Angola, marcando a entrada do primeiro banco asiático no país e prevendo transacções em moeda extrangeira para o terceiro trimestre do ano.
De acordo com uma estratégia do banco referida pela Agência Lusa, a sede operacional da sucursal angolana estará localizada no distrito urbano de Talatona, em Luanda, com abertura operacional agendada para o dia seis deste mês. Da estratégia inicial operacional, consta ainda a ideia de prolongar o processo de captação de clientes corporativos até final de Julho.
Já em Agosto, arrancam as operações em moeda nacional, como transacções a débito e crédito ou concessão de empréstimos, seguindo-se a partir de Outubro transacções sobre o exterior, em euros e dólares.
Um dos objectivos da entrada dos chineses do BOC ao país passa por garantir que as transacções entre a China e Angola se façam sem recurso a uma terceira moeda, como o dólar ou o euro, estratégia várias vezes debatidas entre os operadores dos mercados e empresários locais.
Aliás, os bancos centrais de Angola e da China anunciaram anteriormente que estão a acertar os termos de um eventual acordo para permitir o uso das moedas nacionais de ambos os países, nas trocas comerciais bilaterais. A concretizar-se, esse entendimento permitirá que os agentes económicos de ambos os países possam usar a moeda chinesa (renminbi ou yuan) em Angola e a angolana (kwanza) na China, facilitando as trocas comerciais.
O banco, que é uma das maiores instituições financeiras mundiais, eleva, assim, para 30 o número de instituições bancárias no país, pouco menos de três meses desde a inauguração do Banco Postal.
A entrada dos chineses do BOC segue-se a uma autorização do Governo, que, em Maio do ano passado, permitiu a abertura de uma filial desta entidade oriental no país, para desenvolver actividade financeira bancária.
A autorização consta de um decreto assinado pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, de 13 Maio do mesmo ano, que adianta que a instituição detida pelo Estado chinês vai operar no país com a designação Banco da China - sucursal em Angola.
A abertura da sucursal angolana do Banco da China acontece numa altura em que persistem fortes constrangimentos de natureza financeira no país, devido à crise da cotação do petróleo, nomeadamente no acesso a divisas, colocando em causa transferências para o estrangeiro ou a importação de matéria-prima.
O governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, reconheceu, anteriormente, que a banca do país está a ser colocada “à margem” do sistema financeiro mundial, numa aparente alusão à falta de acesso dos bancos angolanos ao circuito internacional de divisas, por dúvidas dos reguladores internacionais sobre credibilidade das instituições angolanas.
Criado em 1912, o Banco da China funcionou até 1949 como banco central chinês. Após várias transformações, ainda nas mãos do Estado mas já como banco comercial, tem vindo a concentrar atenções no apoio às empresas e comunidades chinesas fora do país, com destaque para as economias emergentes.
*Com Agência Lusa
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