Desafios actuais do relato das organizações
A tendência em matéria de relatodos últimos anos, acentuada pela conjuntura decorrente da pandemia da covid-19, tem sido de um maior escrutínio e exigência de transparência, pelo que se têm colocado um conjunto de desafios e pressão acrescidas aos CFO e à Gestão das organizações.
O relato financeiro é cada vez mais complexo e exigente, tendo de acompanhar a evolução das operações, que se transformam de forma mais célere devido à digitalização e à globalização da economia. É igualmente necessário dar resposta às crescentes exigências de diversos stakeholders, levando a que as organizações necessitem derecolher, analisar, harmonizar e reportar um cada vez maior e mais diverso volume de informação.
Embora a digitalização do processo de relato possa ser, per si, um desafio para as organizações, é, ao mesmo tempo uma oportunidade para dar resposta às exigências e desafios actuais. Com efeito, a utilização de sistemas de informação inovadores e de data analytics complexos permitem tornar o processo de relato mais célere, eficiente, preciso e melhor integrado.
Por outro lado, verifica-se uma tendência convergente entre os investidores no que concerne à avaliação de factores ESG – Environmental, Social and Governance (factores ambientais, sociais e de governo) das organizações. Através de um estudo realizado pela EY a nível mundial(referente a 2020), concluiu-se que 98% dos investidores têm em consideração divulgações de factores de sustentabilidade e que 72% conduzem uma avaliação estruturada dos mesmos, com impacto directo nas suas decisões de alocação de capital.
Adicionalmente, verifica-se uma progressiva alteração do foco no valor apenas para o accionista, para um foco numa diversidade de stakeholders. Quer isto dizer que o valor de uma organização está alavancado em dimensões como a) Consumidor (ofertas inovadoras; reputação, confiança e lealdade da marca), b) Humana (bem-estar; retenção, diversidade e desenvolvimento de talento; cultura), c) Sociedade (impacto económico, social e ambiental; criação e protecção de empregos; cumprimento de obrigações fiscais) e d) Financeira (vendas; quota demercado;melhoria de margens; otimização da alocação da estrutura de capital).
Deste modo, torna-se crucial para as organizações definirem um framework de relato de informação não financeira, com impacto na sua capacidade de criar valor para os stakeholders, estabelecendo boas práticas de governação, implementando controloseficazes e submetendo a informação à revisão de uma entidade especializada e independente, de modo a aumentar a confiança e a transparência para os utilizadores.
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