A verdade é que ninguém gosta de ricos. Eu também não, sobretudo quando não compreendo a génese dessa riqueza. Mas será que posso sair à rua a chamar-lhes de ladrões sem apelo nem agravo? Será que tenho o direito de fazer uma ‘cruzada’ para os crucificar e demonizá-los só por serem ricos e eu não acreditar nem concordar na maneira como adquiriram essa riqueza? Ou será ainda que o poder nos dá esse direito?

O nosso país é, na sua essência, propício ao enriquecimento duvidoso. O sistema de bajulação e ‘lambe-botismo’ de cunho nacional surgem e desenvolvem-se exactamente por essa mesma triste razão: o enriquecimento de qualquer e por meteram as mãos nos orçamentos alocados para as funções que se supunham desempenhar, directa ou indirectamente. Abocanharam os bens sociais como se se tratasse duma qualquer herança dum antepassado desaparecido vítima dos dias coloniais.