OS PATRÕES DAS LISTAS CINZENTAS
Quando João Lourenço chegou ao poder em 2017, Angola tinha saído da lista cinzenta do Grupo da Acção Financeira (GAFI) um ano antes. Pelo que se conhece do trabalho de monitoramento das transacções financeiras internacionais pelo GAFI, a nota positiva de 2016 não foi obra do acaso. Pelo contrário, na altura, o próprio GAFI fez questão de explicar os avanços que tinham justificado o seu novo entendimento em relação a Angola. Grosso modo, eram os progressos assinalados no sistema financeiro, como resumiu certa vez José de Lima Massano, actual ministro de Estado para a Coordenação Económica.
A evolução do país, convém recordar, até começou de um ponto muito mais crítico. Antes da lista cinzenta, Angola chegou a integrar a lista negra que agrupa os países de elevadíssimo risco e que não cooperam. O que significa, pela própria interpretação do GAFI, que se tratou de um processo longo. Mas Angola fez o que lhe foi exigido para livrar-se do monitoramento apertado e conseguiu.
Oito anos depois, ainda que nada surpreendente, o regresso do país à lista cinzenta do GAFI acarreta, antes de mais, matéria de responsabilização política. Até porque a narrativa instalada do foco no combate à corrupção e aos crimes conexos não dá outra hipótese. Em termos estritamente teóricos, não é compreensível que o Governo de João Lourenço tenha deitado tudo a perder, enquanto se vangloria de estar a combater a sério práticas lesivas que são justamente objecto de monitoramento do GAFI. Não se percebe que as autoridades não tenham sido capazes de implementar as recomendações imediatas e essenciais, quando o clima de suspeição sobre um possível regresso à lista cinzenta está instalado pelo menos desde 2022.
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