Reembolsos falham e empresa fecha no ´vermelho´
BALANÇO. Kifcrédito fechou o ano com saldo negativo influenciado em parte por incumprimento das prestações. No entanto, directora-geral garante aposta em requerentes de conta solidária ou reunidos em associações.
A empresa de microcrédito Kifcrédito encerrou o ano com um saldo negativo de pouco mais de três milhões de kwanzas. O incumprimento das prestações e o aumento de algumas despesas operacionais estiveram na base do resultado, segundo a directora-geral da empresa, Felisbela Paulino, que considera “normal as empresas fecharem negativo nos primeiros três anos de exitência, por serem períodos de investimento”. A gestora coloca ainda o domínio da conconcorrência e o anterior distanciamento da empresa, face ao público alvo, entre os constrangimentos. Situação que já levou à mudança da sede de Talatona para a Vila Alice.
A operar desde Agosto do ano passado, a Kifcrédito já disponibilizou, em empréstimos, cinco milhões de kwanzas, tendo recuperado apenas 1,2 milhões. Felisbela Paulino nega, no entanto, que exista malparado e aponta o alargamento do período de pagamento como solução do incumprimento.
Por regra, a Kifcrédito estabelece seis meses para o pagamento total da prestação. Em caso de atrasos, alarga-se o período por um ou mais meses, sendo que a taxa de juro de cada 30 dias se mantém-se nos 5,8%.
A empresa pretende apostar “forte” nos clientes ligados à associação Kininda, mais virada para apoio aos antigos combatentes. “Há muitos atrasados, porque não temos caixa independente, dependemos do banco, se o cliente não for colocar o dinheiro no banco, não temos como buscar noutra fonte. Portanto, vamos optar por investir mais em clientes associados ao Kininda, porque com eles nunca tivemos problemas”, reforça Felisbela Paulino, que aponta os operadores informais do sector gastronómico e pequenos prestadores de serviços como os que têm “levado muito tempo” a reembolsar.
Para já, a empresa diz-se também focada no aumento do capital social para 25 milhões de kwanzas, conforme determina o Aviso 8/18 do Banco Nacional de Angola. A entidade, que ambiciona alcançar um milhão de clientes até 2022, faz fé que poderá cumprir com o aviso até antes do período limite, 30 de Junho.
Requisitos para o crédito
A Kifcrédito criou ‘plafonds’ para três tipos de requerentes: particular, negócio e solidário. O particular é destinado aos agricultores e a prestadores formais. O negócio, o segmento que mais incorre em incumprimento, destina-se a operadores informais, sendo o solidário o grupo de comerciantes que, embora receba o crédito em conjunto, trabalha individualmente.
Aos potenciais interessados, a empresa exige que o negócio tenha um histórico de pelo menos três meses. Os operadores dos ramos ‘particular’ e ‘negócio’ apresentam bilhete de identidade, comprovativo de morada, extracto bancário, número de identificação fiscal e preenchem o modelo interno. Para o ‘solidário’, exige-se apenas o bilhete de identidade e está isento de garantias, como a apresentação de um avalista.
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