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Transformação de Auditoria Interna

02 Apr. 2020 Opinião

“O melhor ataque é a defesa. Nos últimos anos, as instituições financeiras encetaram um processo de reconhecimento (natural ou, em alguns casos, “forçado” pelo Regulador e demais agentes de mercado) da importância do mandato e concretização das suas “linhas de defesa” (conceito com semelhanças desportivas), enquanto parte integrante da estratégia de transformação de negócio e robustecimento da framework de controlo interno.

Um sinal de que não é só no futebol que o melhor ataque é a defesa, temos assistido a uma revisão holística das funções de gestão de risco e compliance – 2.ª linha de defesa – e de Auditoria Interna (AI) – 3.ª linha de defesa.

Focando na actuação da 3.ª linha de defesa, o ‘pontapé de saída’ dos departamentos de auditoria interna tem sido a sensibilização e credibilização das suas competências e, mais actualmente, o fortalecimento dos quatro alicerces da função: a visão estratégica do seu mandato, as pessoas, o modelo operativo, e a tecnologia.

Neste âmbito, as Instituições têm recorrido a processos de auto-avaliação ou de avaliação externa com vista a (i) ganhar (maior) visibilidade do seu nível de maturidade face ao mercado e, por vezes, (ii) trilhar o caminho da certificação do IIA (Institute of Intenal Audit) como mecanismo de “acreditação” da Função e de consolidação do reconhecimento interno criado no tal “pontapé de saída”.

Esta certificação aborda requisitos como a independência e o posicionamento orgânico da Função, a metodologia de gestão e execução das actividades da auditoria interna, as obrigações de reporte aos conselhos de administração ou comissões executivas, a participação da AI na governação das instituições, o desenvolvimento profissional contínuo, entre outros.

O processo de auto-avaliação ou avaliação externa é uma oportunidade de olhar além dos “mínimos olímpicos” da certificação do IIA e reflectir sobre a capacidade tecnológica da Função, actual e futura, identificar quick-wins de eficiência ainda por aproveitar, avaliar a capacidade de retenção/motivação do capital humano e de disseminação de conhecimento, bem como identificar as relações por explorar/consolidar entre AI e os demais stakeholders.

Por outras palavras, é um processo que pode (e deve) olhar para a capacidade da Auditoria Interna se posicionar como agente de criação de valor, com voz activa e impacto efectivo na transformação em curso nas suas instituições.