Preço do petróleo salva balança de pagamento
CONTAS. Partição do petróleo na estrutura das exportações aumentou 2,2 pontos percentuais para 92,1%. Aumento do preço compensou redução das exportações e tira conta corrente do défice.
Depois do défice na ordem de 1.281,7 milhões de USD, registados no segundo trimestre de 2020, a conta corrente do país registou um superavit na ordem de 521,5 milhões de USD no terceiro trimestre de 2020, suportado, sobretudo, pelo aumento do preço médio do petróleo que passou de 27,2 para 43,4 dólares por barril.
De acordo com o Banco Nacional de Angola (BNA), o aumento do preço “teve um impacto positivo de 106,3% sobre as receitas de exportação de petróleo bruto, avaliadas em 4.767,3 milhões no terceiro trimestre, contra 3.100,9 milhões do trimestre anterior”. Este aumento, por outro lado, compensou a queda do volume das exportações de petróleo bruto de 113,8 para 109,9 milhões de barris.
Com o aumento do preço do petróleo, a participação da quota da receita petrolífera na estrutura das exportações aumentou 2,3 pontos percentuais, passando de 89,8%, no segundo trimestre, para 92,1% no terceiro.
Com excepção das ‘Outras Exportações’, cuja quota aumentou 0,1 pontos percentuais (0,6% para 0,7%), todos os outros segmentos da estrutura registaram défice na quota de participação na estrutura de exportação.
Por exemplo, a receita proveniente do gás recuou 0,1 pontos percentuais ao passar de 4,3% para 4,2%, enquanto as diamantíferas recuaram 2 pontos percentuais, passando de 3,9% para 1,9%.
O preço do barril teve ainda a ‘virtude’ de compensar o impacto negativo que as importações teriam na balança de pagamento, tendo-se registado um aumento de 248,2 milhões de USD ou 11,7% ao passar de 2.113,9 no primeiro trimestre para 2.362,1 milhões no terceiro trimestre.
O BNA refere que o aumento das importações se verificou em vários produtos, sobretudo nas máquinas, aparelhos mecânicos e eléctricos, além dos produtos químicos e os combustíveis, que tiverem um aumento de 104,7 milhões, 48,7 milhões e 47,1 milhões de USD, respectivamente.
O sector petrolífero concorreu também para a redução da importação de serviços que, “à semelhança do observado no período anterior, no terceiro trimestre de 2020, apresentou uma redução do seu saldo deficitário, ao passar de 1.331,2 milhões para 1.213,5 milhões de USD”.
Apesar de o BNA sublinhar que a referida redução “continua a reflectir o processo de ajustamento ou redimensionamento dos montantes que o país gasta na contratação de serviços prestados por não residentes”, também sublinha que “a melhoria do saldo da conta de serviços no trimestre em referência foi influenciada, essencialmente, pela diminuição das importações de serviços do sector petrolífero, que continua em declínio (baixa produção)”.
“Por outro lado, as despesas com serviços de transporte, seguro e viagens tiveram um crescimento de 77,5 milhões, 38,4 milhões e 33,0 milhões de USD, respectivamente, justificado pelo aumento das importações de bens e a reabertura do espaço aéreo nacional, no período em análise.” Os números do relatório da balança de pagamentos do BNA mostram assim que o discurso de uma suposta redução das importações e aumento das exportações continua a ser determinado pelo preço do petróleo.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...