Greve obriga TCUL a ajustar salários
A TCUL prepara-se para fazer ajustes salariais até à próxima semana, depois de os funcionários da transportadora terem iniciado uma greve geral, que a administração considera “ilegal”.
Reconhecendo que os ordenados dos trabalhadores são “baixos”, o presidente do conselho de administração da transportadora, Pedro Pereira, garante ao VALOR que a decisão do aumento estava em estudo há algum tempo, sendo que a proposta deve ser apresentada já esta semana.
Pereira afirma, entretanto, ter ficado surpreendido com a greve e, além de acusar os grevistas de não terem cumprido “com os procedimentos legais”, explica que a entidade responsável pela paralisação não é reconhecida pela empresa muito menos pela Inspecção-Geral do Trabalho. “Há grupos influenciando com objectivos estranhos”, atira, justificando ainda a “ilegalidade” da greve com o facto de os promotores “impedirem violentamente os motoristas de tirarem os autocarros do parque”, além de se terem recusado a comparecer num encontro de mediação com a Inspecção-Geral do Trabalho.
A falta pagamento da segurança social, apresentada como um dos pontos do caderno reivindicativo, não corresponde à verdade, segundo o PCA da TCUL, justificando que a actual administração encontrou dívidas ao INSS de quase 900 milhões de kwanzas, tendo já conseguido liquidar 575 milhões. Pelos cálculos do gestor, os gastos correntes com a segurança social estão fixados em 25 milhões de kwanzas mensais, 15 milhões dos quais para o pagamento do passivo e 10 milhões de custos actuais.
Segundo Pereira, desde 2018, altura em que assumiu a liderança da empresa que os pagamentos têm sido feitos com regularidade, tendo concluído, em Março, o pagamento de 600 milhões de kwanzas de dívida para com os trabalhadores em diuturnidade.
Ao alertar os funcionários para não participarem do que considera “greves ilegais”, Pereira ameaça com sanções, admitindo a abertura imediata de processos disciplinares.
Contrariando o gestor da TCUL, Domingos Epalanga, da Central Geral de Sindicatos Independentes e livres de Angola (CGSILA), defende, entretanto, a legalidade da greve, assegurando que a entidade empregadora foi avisada no passado dia 19 de Março e que esta abriu mão à negociação. O sindicalista classifica o clima laboral como “tenso” ao mesmo tempo que defende a retoma dos serviços apenas com a alteração da tabela salarial. “Os salários praticados são extremamente baixos, não se pode aceitar que um condutor que tem a obrigação de transportar, no mínimo, mil pessoas das 05 às 12:30 tenha um salário de 64 mil kwanzas. Um cobrador, de 48 a 50 mil, e um mecânico altamente especializado, que garante o bom funcionamento dos autocarros, tenha um salário de 37 a 38 mil kwanzas. Portanto, são salários completamente impraticáveis, colocam os trabalhadores e suas famílias em extrema dificuldade”, lamenta.
Para o responsável sindical, os salários devem ser fixados entre 140 e 150 mil kwanzas “no sentido de corresponderem ao preço da cesta básica”. Exige também equidade na remuneração entre antigos e novos funcionários. “Os motoristas recrutados recentemente ganham 155 mil, com menos de um ano de trabalho”, compara.
“Quem no fundo acaba por ter poder sobre o judicial...