Como podem as empresas de energia prosperar no actual ambiente de transformação
André Afonso, Senior Manager EY, Energy, Assurance Services
A agilidade das empresas de energia para reagir a alterações tecnológicas e oscilações abruptas da procura é hoje um elemento fundamental a considerar pelos seus executivos, os quais necessitam de rever as suas prioridades estratégicas com maior frequência.
Ao mesmo tempo, a estratégia precisa agora, de se concentrar em todas os stakholders e não apenas nos accionistas. Os concorrentes podem ser considerados como potenciais parceiros para prosperar num futuro incerto. Estas forças estão a mudar a forma como as empresas formulam e executam a estratégia. O inquérito EY Realizing Strategy, realizado a mais de 1.000 directores Executivos, directores financeiros e outros executivos sobre o futuro da formulação da estratégia, mostra como (Parte 2, no seguimento da Parte 1 do artigo apresentada numa edição anterior).
2 - Abraçar o ecossistema em mudança e "co-opetição"
As tecnologias digitais e o aumento da concorrência, tanto dentro como fora do sector, estão a criar um mercado mais distribuído e inclusivo. Desde os fornecedores de tecnologia, fabricantes de automóveis retalhistas, ou até a indústria agro-alimentar estão a competir pela quota de mercado no sector da energia. Estes players estão bem posicionados para aumentar os investimentos e já estão a competir em toda a cadeia de valor da electricidade, em áreas como projectos eólicos e solares fotovoltaicos em grande escala, armazenamento de energia, infra-estruturas de carregamento de veículos eléctricos e dispositivos integrados no sector imobiliário e de habitação.
Além disso, com a evolução das expectativas dos clientes e a disponibilidade de dispositivos inteligentes e energias renováveis de baixo custo, indivíduos, empresas e comunidades estão a explorar formas de optimizar o consumo, obter energia mais ecológica e gerir melhor os seus custos energéticos.
Isto indica que a concorrência futura irá aparecer de uma forma mais descentralizada e de novos players de mercado. No inquérito supramencionado, 62% dos executivos consideram que a maior ameaça competitiva nos próximos três anos virá de um concorrente não tradicional. Por conseguinte, as empresas de energia estão a tornar-se mais abertas à "co-opetição" (Cooperação entre congéneres) para prosperar no meio de uma indústria dinâmica e em constante mudança.
O que os executivos do sector energético podem fazer?
· Implementar uma estratégia dupla que se concentre nas necessidades do dia-a-dia do negócio actual, ao mesmo tempo que inova para o futuro;
· Compreender as principais competências necessárias à organização e redesenhar as suas ofertas.
· Criação de parcerias estratégicas, JV ou alianças para fornecer soluções energéticas avançadas, tais como soluções de armazenamento e e-mobilidade.
Em países com grande dispersão geográfica e dificuldade de distribuição de energia à população, é essencial que as empresas de energia tomem medidas de cooperação com empresas de diversos sectores, (agrário entre outros), de forma a fornecer as soluções energéticas mais ágeis à população com uma redução da dependência das redes de transporte de energia tradicionais.
Na terceira parte do artigo iremos apresentar os factores como a “Velocidade Organizacional como elemento crítico de perseverança”.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...