MAIOR PRODUTOR DO SUL DO PAÍS

Receitas da ‘Água Preciosa’ caem 65%

25 Aug. 2021 Mercado & Finanças

A queda “drástica” do poder de compra, agravada pela pandemia, levou a fabricante da Água Preciosa, com capacidade de produzir oito mil garrafas por hora, a reduzir a produção pela segunda vez este ano, saindo dos 60% para os 40% da capacidade instalada. Como consequência imediata, além do despedimento de metade dos trabalhadores, a empresa registou uma “quebra radical” nas receitas, fixadas entre 60 e 70 milhões de kwanzas, ao contrário de há dois anos em que se situavam entre os 150 e 200 milhões de kwanzas.

Receitas da ‘Água Preciosa’ caem 65%

Valdemar Ribeiro, administrador da empresa, não vê qualquer possibilidade de recuperação, considerando a conjuntura do mercado que se revela cada vez mais com limitações no consumo.

“Se o cidadão perdeu o poder de compra, não adianta eu produzir porque vou entrar em falência, então, prefiro a cautela para não cair no precipício”, defende-se.

SOLUÇÃO É A EXPORTAÇÃO, MAS FALTA APOIO INSTITUCIONAL

A escapatória diante do actual cenário é a exportação. Valdemar Ribeiro explica que tem condições de aumentar a linha de produção com vista a levar a água engarrafada com e sem gás, sumos medicinais ao mercado árabe, principalmente do Emirados Árabes Unidos. Contudo, prefere não avançar com o investimento já garantido por três bancos, um dos quais o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), porque não dispõe de qualquer apoio institucional do Governo. “Não vamos avançar com essa linha de 10 milhões de euros se não tivermos a certeza de que há uma equipa institucional dos ministérios da Indústria e Comércio, Economia e Planeamento, Aipex e governo provincial da Huíla a apoiar-nos institucionalmente”, deixa claro, insistindo que, “sozinhos, não vamos lado nenhum”. Para o administrador da Preciosa, o expectável êxito no mercado árabe explica-se pelo facto de “o produto corresponder à qualidade exigida”. Sem compreender a razão de os navios provenientes dos Emirados Árabes Unidos que atracam no porto do Namibe regressarem vazios, Valdemar Ribeiro defende que estes meios devem ser aproveitados para a exportação dos produtos angolanos.