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A importância da ?igualdade do género

06 Mar. 2018 Sem Autor Opinião

Em todo o mundo, as questões do género estão a atrair uma atenção renovada. Através de marchas de protesto e de campanhas nos média e nas redes sociais, a questão tornou-se viral, enquanto as mulheres, em todo o mundo, exigem o fim do assédio sexual, do abuso, do ‘feminicídio’ e da desigualdade.

Os movimentos ‘Me Too’ e ‘Times Up’ foram tão bem sucedidos quanto aumentaram a consciencialização pública, mas a luta pela paridade está longe de terminar. Empoderar mulheres e meninas é fundamental para alcançar todos os 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas até 2030. No entanto, por enquanto, o preconceito do género continua a ser um obstáculo significativo para o progresso global e é particularmente agudo nos locais de trabalho.

Hoje, apenas 5% das empresas da S&P 500 (índice da 500 maiores empresas cotadas nas NYSE e NASDAQ, elaborado pela Standard&Poor’s) são lideradas por mulheres, de acordo com a Catalyst, uma ONG sem fins lucrativos, que avalia CEO.

Estes dados sombrios são ainda mais notáveis quando se considera que 73% das empresas globais supostamente praticam políticas de igualdade de oportunidades, de acordo com uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Além disso, enquanto a pesquisa mostra uma ligação clara entre o equilíbrio de género de uma empresa e a sua saúde financeira, as mulheres ocupam menos de 20% dos lugares nos conselhos de administração das maiores empresas do mundo. Abordar essas deficiências é um imperativo económico e moral.

Um relatório de 2015 do Instituto Global McKinsey concluiu que, se mulheres e homens tivessem um “papel idêntico nos mercados de trabalho”, 20 mil milhões de dólares seriam adicionados à economia global até 2025. Esses ganhos iriam muito além dos benefícios às empresas em termos individuais. As empresas com maior igualdade de género são mais inovadoras, generosas e lucrativas. Mas, à taxa actual de capacitação feminina, levaria quase 220 anos se anular a diferença de género.

O mundo não pode esperar muito tempo; precisamos de uma nova abordagem. Para ajudar a traçar um caminho para as empresas contratarem, reterem e promoverem empregadas, juntámos mais de 400 líderes empresariais globais e representantes do governo em Santiago, no Chile, no Quarto Fórum Global sobre Negócios para a Igualdade de Género. A reunião - organizada pelo governo chileno e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com a OIT e ONU Mulheres (entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Género e o Empoderamento das Mulheres) - destacou a importância da igualdade de género no sector privado.

Uma solução passa pelo programa ‘Selo da Igualdade do Género’, apoiado pelo PNUD, uma iniciativa única que certifica as empresas que eliminaram as diferenças salariais, aumentaram o número de mulheres em cargos de decisão e trabalharam para acabar com o assédio sexual no trabalho. Hoje, essas empresas certificadas pelo PNUD lideram a estratégia para se construir uma força de trabalho global mais equilibrada. Por exemplo, a empresa estatal chilena de mineração de cobre, a Codelco, está a aumentar o número de empregadas e, ao mesmo tempo, aumentou de produtividade. Da mesma forma, o Banco Nacional da Costa Rica promoveu dezenas de mulheres em papéis de liderança.

O banco tornou-se um dos principais fornecedores regionais de financiamento para empresárias. No Canadá, o Scotiabank usou um programa de formação dirigido a mulheres para se tornar uma das empresas mais equilibradas do género no sector. A nossa esperança é que muitas outras empresas se esforcem para a certificação da igualdade de género.

Outra iniciativa a ser aplicada é o Princípio do Empoderamento das Mulheres, um conjunto de directrizes operacionais desenvolvidas pela UN Women e pelo Pacto Global das Nações Unidas que incorpora o ‘business case’ para a igualdade de género. Mais de 1.700 CEO aprovaram os princípios, enquanto cerca de 300 empresas em 61 países usaram a ferramenta de análise gratuita de diferenças de género para ajudar os seus líderes a implementá-las nos locais de trabalho. Certamente que reuniões globais, sistemas de certificação e ‘softwares’ livres são apenas parte da solução.

As mulheres ainda suportam encargos domésticos desproporcionais e as pressões decorrentes das normas sociais e culturais, muitas vezes, roubam-lhes as possibilidades de frequentar a escola, abrir empresas ou participar na vida pública. Além disso, as mulheres, que mantêm empregos fora do lar, encontram-se no lado errado de uma diferença salarial de género que é em média de 23%, sugerindo que a igualdade não é apenas sobre oportunidades. Empresas, comunidades e famílias devem trabalhar em conjunto para nivelar o campo de jogo.

Felizmente, o custo de não fazer nada é muito alto para qualquer empresa possa suportar - e para as economias como um todo - e é, por isso, que estamos optimistas de que a eliminação do preconceito de género no trabalho seja possível. Quando as empresas tornam o empoderamento das mulheres uma questão central nas suas estratégias, o crescimento e a igualdade podem reforçar-se mutuamente para não deixar ninguém para trás