Angola entre os 10 países com taxas de juros mais altas no mundo e soluções consolidadas para uma economia angolana com future
Este bem podia ser um título de um livro de dramas, se a realidade não fosse mesmo real, em particular em países que tão bem conhecemos além de Angola, como a Argentina, Zimbabué, Gana, estes últimos países africanos.
A lista dos países com taxas de juro no mercado primário, dos bancos centrais, é a seguinte: 1- Zimbabué (191%), 2- Argentina (60%), 3- Venezuela (57%), Iémen (52%), Ucrânia (25%), Sudão (23,8%), Angola (20%), Libéria (20%), Gana (19%) e Moldávia (18,5%).
Todos estes países padecem da mesma doença pelo menos: fraca produção interna de bens e serviços, mono exportação, Estado como ente público que está muito inserido na actividade económica, mas, principalmente, inflação sempre em redor destas percentagens de taxas de juro directoras dos bancos centrais.
Temos países praticamente de todos os continentes, excepto Oceânia.
No caso de Angola, os economistas, os políticos, mas principal e essencialmente, as pessoas conhecem as causas e as consequências nefastas na vida das pessoas. A inflação é a grande causa para que os bancos centrais imponham medidas restritivas para o acesso ao crédito bancário, estabelecendo por via dos seus Comités de Política Monetária, como é o caso do nosso BNA, em que temos uma taxa directora de 20%. Este tipo de medidas dos bancos centrais é necessário para esfriar a apetência pelo consumo e pelo investimento para não provocar mais inflação pelo libertar de dinheiro ou massa monetária na economia real através do «encarecimento» do valor dinheiro entre os bancos centrais e os bancos comerciais. Temos tido nos últimos seis anos taxas de inflação galopantes, acima de 1 dígito ou 10%, que serve como ‘tampão’ para o crescimento da economia e é um factor de erosão das parcas economias das famílias e das empresas não financeiras.
O caminho para reverter a situação é a diversificação da economia. O financiamento para mudar o paradigma da petro-dependência é investir os recursos financeiros excedentários do OGE 2022 para projectos de construção de cadeias de valor dos três sectores de actividade: primário, secundário e terciário, a fim de que haja um aumento da produção nacional, com passagem por um processo de industrialização e agregação de valor e, por fim, os produtos cheguem aos consumidores nacionais e para exportação ‘Made in Angola’ ou ‘Feito em Angola’. A fórmula é simples: excedente orçamental = Investimento interno e externo + receita fiscal + emprego e emprego qualificado – menos consumo de divisas e das RIL + rendimento das famílias e das empresas + poupança – desigualdades sociais. Com isto, no caso de Angola, o BNA poderá mudar o paradigma de termos uma taxa de 20% para menos, logo que tenhamos IPCN, IPG, materiais de construção entre os 10 e 18% de inflação, o que em 2022 ainda não se verifica, quando comparamos a inflação homóloga de 2021 e 2022. Este é o desejo de todos, podermos ter inflação e taxas de juro mais amigas do investimento e do consumo.
Em que áreas devemos apostar nos próximos cinco anos, os mesmos da próxima legislatura, até para tentar reverter o ‘cataclismo’ que vai acontecer em 2025/2026 com a queda abrupta da produção petrolífera em Angola, para níveis que podem chegar até menos 50% da produção actual de 1.100 barris dia:
- petróleo e gás liquefeito;
- energias renováveis limpas;
- exploração de diamantes e outros inertes;
- agricultura mecanizada de café, algodão, produtos hortículas e fortículas;
- pesca e aquicultura;
Pecuária;
- Pedras ornamentais;
- indústria: alimentar, máquinas em geral, de tecnologias de informação (hardware), ferramenta, ferro e aço;
- turismo;
- comércio organizado;
- Estabelecer parcerias público e privadas para a gestão de zonas francas, caminhos-de-ferro, aeroportos, portos marítimos, etc.
- Mas, no meu entendimento, o melhor e maior investimento será a feitura da Reforma das Reformas de Angola, depois da Independência e da conquista da paz: na Educação, Formação Profissional e Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação. São os cidadãos que, submetidos a melhores processos de ensino e aprendizagem, adequados à nossa realidade, exigentes, com espírito de estudo e disciplina, devendo ser o mérito individual do aluno e do estudante, como padrão para a sociedade do futuro, inclusive no trabalho, onde a competição é «feroz».
A lista teria mais elementos, mas para que nos mantenhamos focados e até porque os recursos financeiros são sempre limitados e escassos, precisamos de ter foco no essencial. Nas potencialidades que temos da terra, da água, do clima que temos, mas podemos mudar investindo nas pessoas e projectando o que queremos, para que, de forma inclusiva, estejamos nos rankings, no topo ou na base, pelas melhores razões.
JLo do lado errado da história